“A gente faz a faculdade... pra criança normal”

representações sociais de educadoras sobre as diferenças

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.29327/210932.9.1-2

Palabras clave:

Infância. Representações sociais. Filosofia da diferença. Educação em Direitos Humanos. Decolonialidade.

Resumen

A partir de duas pesquisas em escolas públicas de educação infantil, destacam-se as representações sociais de educadoras em torno das diferenças na relação com as infâncias. Assume-se uma perspectiva teórico-metodológica cartográfica que dialoga com os pressupostos da Teoria das representações sociais. Destacam-se alguns desafios para o fortalecimento de um Estado democrático de direito, desde a infância, uma vez que o principal resultado dos estudos evidencia representações sociais sobre algumas diferenças como “assumidas” pelas docentes para um posicionamento político-pedagógico, enquanto outras não compõem esse mesmo estatuto de prioridades ou no âmbito da função social da escola. Faz-se fundamental a defesa de que as diferenças (em seus vários aspectos) devam ser visibilizadas e debatidas, na direção de uma Educação em Direitos Humanos, com vistas a uma justiça social expandida e a uma plenitude das infâncias. Assim, a pedagogia decolonial torna-se central para o processo de criação de contra hegemonias. 



Biografía del autor/a

Cristiane Perol da Silva, Universidade Estadual de Campinas

Doutoranda em Educação e Profa. Msa. em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas. Graduada em Pedagogia pela mesma universidade. Atua como coordenadora pedagógica de Educação Infantil e Anos Iniciais em uma instituição particular de ensino. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Infantil, atuando principalmente nos seguintes temas: infância(s), alfabetização, inclusão/ exclusão, diferenças, representações sociais e formação de professores.

Heloísa A. Matos Lins, Universidade Estadual de Campinas

Profa. Dra. da Faculdade de Educação da UNICAMP, nos cursos de Graduação e Pós-graduação em Educação. Membro do grupo de pesquisa DIS - Grupo de Pesquisa Diferenças e Subjetividades em Educação: Estudos Surdos, das questões raciais, de gênero e da infância.

Citas

ANGELUCCI, C. B. Medicalização das Diferenças Funcionais – continuísmos nas justificativas de uma Educação Especial subordinada aos diagnósticos. Nuances: estudos sobre Educação, Presidente Prudente - SP, v. 25, n. 1, p. 116-134, jan./abr. 2014. Disponível em: http://dx.doi.org/10.14572/nuances.v25i1.2745. Acesso em: 18 set. 2020.

BARROS, R. B.; PASSOS, E. Diário de bordo de uma viagem-intervenção. In: PISTAS do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Organização de Eduardo Passos, Virgínia Kastrup, Liliana da Escóssia Melo. Porto Alegre, RS: Sulina, p. 172-200, 2015.

BRASIL. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Educação em Direitos Humanos: Diretrizes Nacionais – Brasília: Coordenação Geral de Educação em SDH/PR. Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, 2013.

BRITO, M. R. Dialogando com Gilles Deleuze e Félix Guattari sobre a ideia de subjetividade desterritorializada. ALEGRAR, n. 9, p. 1-27, jun. 2012. Disponível em: https://alegrar.com.br/artigos-09/. Acesso em: 18 set. 2020.

CANDAU, V. M. Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, v. 13, n. 37, p. 45-56, abr. 2008. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782008000100005. Acesso em: 18 set. 2020.

______; PAULO, I.; ANDRADE, M. (et.al.). Educação em Direitos Humanos e formação de professores(as). 1ª. ed. São Paulo: Cortez, 2013.

COSTA, L. B. Cartografia: uma outra forma de pesquisar. Revista Digital do LAV, [S.l.], p. 066-077, ago. 2014. Disponível em:https://doi.org/10.5902/1983734815111. Acesso em: 18 set. 2020.

CRUSOÉ, N. M. C. A teoria das representações sociais em Moscovici e sua importância para a pesquisa em educação. APRENDER- Cad. de Filosofia e Pisc. da Educação, Vitória da Conquista, Ano II, n. 2, p. 105-114, 2004. Disponível em: http://periodicos2.uesb.br/index.php/aprender/article/view/3065. Acesso em: 18 set. 2020.

DAL'IGNA, M. C. A invenção da criança anormal: conhecimento, desenvolvimento e aprendizagem. In: INCLUSÃO e biopolítica. Organização de Eli T. Henn Fabris e Rejane Ramos Klein. Belo Horizonte: Autêntica Editora, p. 181-198, 2013.

DANELON, M. A infância capturada: escola, governo e disciplina. In: MICHEL Foucault: o governo da infância. Organização de Haroldo de Resende. Belo Horizonte, MG: Autêntica, p. 217-240, 2015.

DELEUZE, G. Diferença e repetição. Tradução de Luiz B. L. Orlandi. Roberto Machado. 2. ed. São Paulo: Graal, 2006. 437 p.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs. Capitalismo e esquizofrenia. Vol. 1. Tradução de Aurélio Guerra Neto e Celia Pinto Costa. São Paulo: Ed. 34, 1995. 95 p.

GAITÁN MUNÕZ, L. Los derechos humanos de los niños: ciudadanía más allá de las "3Ps". Revista Soc. Infanc. 2, 2018: 17-37. Disponível em: https://doi.org/10.5209/SOCI.59491. Acesso em: 18 set. 2020.

GALLO, S. Modernidade/pós-modernidade: tensões e repercussões na produção de conhecimento em educação. Educ. Pesqui., São Paulo , v. 32, n. 3, p. 551- 565, dez. 2006. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1517-97022006000300009. Acesso em: 18 set. 2020.

GUARESCHI, P. Representações sociais: alguns comentários oportunos. In: NOVAS contribuições para a teorização e pesquisa em representação social. Florianópolis: Imprensa Universitária/UFSC, p. 9-35, 1996.

GUSMÃO, N. M. M. Desafios da diversidade na escola. Revista Mediações, Londrina, v. 5, n. 2, p. 9-28, jul./dez. 2000. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5433/2176-6665.2000v5n2p9. Acesso em: 18 set. 2020.

hooks, b. Ensinando a transgredir: educação como prática da liberdade. São Paulo:

Martins Fontes, 2ª edição, 2017.

LANE, S. T. M. O que é psicologia social. 22a ed. São Paulo, SP: Brasiliense, 2006.

LINS, H.A.M.; CABELLO, J.; BORGES, C. Direito à participação política de crianças sobre a escola: algo mudaria em função da pandemia?. Sociedad e Infancias, v. 4, p. 243-249, 30 jun. 2020. Disponível em: https://revistas.ucm.es/index.php/SOCI/article/view/69637. Acesso em: 07 jan. 2021.

MARCHI, R. C.; SARMENTO, M. J. Infância, normatividade e direitos das crianças: transições contemporâneas. Educ. Soc., Campinas, v. 38, n. 141, p. 951-964, dez. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/es0101-73302017175137. Acesso em: 18 set. 2020.

MENIN, M. S. S. Representação social e estereótipo: a zona muda das representações sociais. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 22, n. 1, p. 43-51, abr. 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-37722006000100006. Acesso em: 18 set. 2020.

MIGNOLO, W. D. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF: Dossiê: Literatura, língua e identidade, n.34, p. 287-324, 2008. Disponível em: http://www.cadernosdeletras.uff.br/joomla/images/stories/edicoes/34/traducao.pdf. Acesso em: 18 set. 2020.

MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Tradução de Pedrinho A. Guareschi.11. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

NOLASCO, E. C. Os condenados da fronteira: pensamento fronteiriço e estética descolonial. Revista Z Cultural, ano XI , n. 02, s. n., 2º sem. 2016.

OLIVEIRA, T. R. M.; PARAÍSO, M. A. Mapas, dança, desenhos: a cartografia como método de pesquisa em educação. Pro-Posições, [S.l.], 2012, v. 23, n. 3, p. 159-178. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pp/v23n3/10.pdf. Acesso em: 18 set. 2020.

PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L. Apresentação. In: PISTAS do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Organização de Eduardo Passos, Virgínia Kastrup, Liliana da Escóssia Melo. Porto Alegre, RS: Sulina, p. 7-16, 2015.

RAMOS, A. H. Educação em Direitos Humanos: local da diferença. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, v. 16, n. 46, p. 191-213, abr. 2011. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782011000100011. Acesso em: 18 set. 2020.

RESENDE, H. Apresentação. In: MICHEL Foucault: o governo da infância. Organização de Haroldo de Resende. Belo Horizonte, MG: Autêntica, p. 7-9, 2015.

SANTOS, B. S. Direitos humanos, democracia e desenvolvimento. Coautoria de Marilena de Souza Chauí. São Paulo, SP: Cortez, 2013.

______. Por uma concepção multicultural de direitos humanos. Revista Crítica de Ciências Sociais, nº 48, junho, s.n., 1997. Disponível em: http://www.boaventuradesousasantos.pt/media/pdfs/Concepcao_multicultural_direitos_humanos_RCCS48.PDF. Acesso em: 18 set. 2020.

SILVA, C. P. Eu não fui formada pra isso: representações sociais de professores sobre inclusão, diferenças e infância(s). 2018. (405 p.). Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação, Campinas, SP. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/333562. Acesso em: 07 jan. 2021.

SILVA, C. P.; LINS, H. A. M. Inclusão e diferenças: um estudo sobre representações sociais de gestores e professores no âmbito da Educação Infantil. Camine: Caminhos da Educação = Camine: Ways of Education, Franca, v. 6, n. 2, p. 185-214, nov. 2014. ISSN 2175-4217. Disponível em: https://ojs.franca.unesp.br/index.php/caminhos/article/view/1207. Acesso em: 04 jan. 2021.

SKLIAR, C. Sobre a normalidade e o anormal - notas para um julgamento (voraz) da normalidade. In: SKLIAR, C. Pedagogia (improvável) da diferença e se o outro não estivesse aí? Rio de Janeiro, RJ: DP&A, p. 65-96, 2003.

______. Os estudos surdos em educação: problematizando a normalidade. In: A Surdez: um olhar sobre as diferenças. Coautoria de Carlos Skliar. Porto Alegre, RS: Mediação, p. 7-32, 1998.

UNESCO/UNODC. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura/ Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes. Fortalecimento do Estado de direito por meio da educação. Um guia para formuladores de políticas. 2019. Disponível em: https://www.unodc.org/documents/e4j/UNESCO/UNODC-UNESCO_Guide_for_Policymakers_fortalecimento_educacao_por_2019_final.pdf. Acesso em: 18 set. 2020.

UNESCO. Plano de ação: Programa Mundial para Educação em Direitos Humanos. 3ª. fase. 2015. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000232922. Acesso em 18 set. 2020.

UNICEF. Convenção sobre os direitos da criança. 1989. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/convencao-sobre-os-direitos-da-crianca. Acesso em: 25 mai. 2020.

VASQUES, C. K. Formas de conhecer em educação especial: o diagnóstico como escudo e lista. Revista de Educação PUC-Campinas, [S.l.], v. 20, n. 1, p. 51-59, maio 2015. Disponível em:http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/reveducacao/article/view/2943. Acesso em: 18 set. 2020.

WALSH, C. Interculturalidad crítica/ Pedagogía De-colonial. Revista de Educação Técnica e Tecnológica em Ciências Agrícolas, [S.l.], v. 3, n. 6, p. 25-42, dez. 2012. Disponível em: https://redinterculturalidad.files.wordpress.com/2014/02/interculturalidad-crc3adtica-y-pedagogc3ada-decolonial-walsh.pdf. Acesso em 17 nov. 2020.

Publicado

2021-07-14

Cómo citar

Silva, C. P. da, & Lins, H. A. M. . (2021). “A gente faz a faculdade. pra criança normal”: representações sociais de educadoras sobre as diferenças. Muiraquitã: Revista De Letras E Humanidades, 9(1). https://doi.org/10.29327/210932.9.1-2