Ir para o menu de navegação principal Ir para o conteúdo principal Ir para o rodapé

Demanda Contínua

v. 5 n. 12 (2021): Mídia e Direitos Humanos: entre tematizações hegemônicas e sentidos em disputa

EXPERIÊNCIAS SIMBÓLICAS DE PRÁTICAS CULTURAIS DE TRABALHADORES DO CAMPO NA NARRATIVA "O SOL DOS TRÓPICOS", DE DAVID GONÇALVES

Enviado
dezembro 2, 2021
Publicado
2021-12-28

Resumo

Os escritos literários de David Gonçalves designam relações alegóricas e desvelam o modo de vida de trabalhadores do campo oriundos do êxodo rural que migraram para as periferias das cidades. O objetivo desta pesquisa é disseminar reflexões acerca das experiências simbólicas de práticas culturais dos personagens ficcionados na narrativa O Sol dos Trópicos, por meio da análise discursiva que aciona os fundamentos da análise do discurso de Fairclough (2001). As proposições teóricas de Barthes (1978), Bakhtin (2010), Cândido (2000) favoreceram o diálogo entre a literatura, a sociologia e a história acerca da condição humana e as mudanças na cultura dos grupos sociais marginalizados na pós-modernidade, pautada nos estudos de Certeau (2001), Bauman (1998), Hall (2011), Simas e Rufino (2020). A narrativa analisada aponta mecanismos políticos e econômicos que atuam na desconstrução dos vínculos dos personagens migrantes com a terra e na exclusão deles ao passarem a exercer trabalhos informais como boias-frias. Das vivências desses grupos marginalizados, ressignificadas pela literatura, emergem liames com a raiz cultural brasileira materializada na música caipira e nos traços culturais da tradição oral e indícios de organização coletiva, em um contexto de multiplicidade cultural, contradições socioeconômicas e desigualdade social, que caracteriza os centros urbanos a partir da migração. Denota a resiliência desses grupos diante das adversidades e a fixidez das estruturas sociais que (in)visibilizam aqueles que não estão inseridos no jogo social vigente.

Referências

  1. BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. 6 ed. [Trad. Aurora Fornoni Bernardini et. al]. São Paulo: Hucitec, 2010.
  2. BARTHES, Roland. Aula inaugural de semiologia literária do Colégio de França. 7/01/1977. [Trad. Leyla Perrone-Moisés]. São Paulo: Cultrix, 1978.
  3. BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
  4. CÂNDIDO, Antônio. Os Parceiros do Rio Bonito. 64 ed São Paulo: Duas Cidades, 1982.
  5. CÂNDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. 8 ed. São Paulo: Queiroz, 2000.
  6. CERTEAU, Michel de. A cultura no plural. 2 ed. Campinas – SP: Papirus, 2001.
  7. FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. [Trad. Izabel Magalhães (coord.)]. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001.
  8. GONÇALVES, David. O sol dos trópicos. Joinville: Sucesso Pocket, 2010.
  9. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. [tradução Tomaz
  10. Tadeu da Silva, Guacira Lopes Louro]. 11. ed. Rio de janeiro: DP&A, 2011.
  11. MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção e política da morte. [tradu. Renata Santini]. São Paulo: N-1Edições, 2018.
  12. S. THIAGO, Raquel. Joinville: cultura e história. In: Joinville 150 anos. Joinville: Letradágua, 2001.
  13. SIMAS, Luiz Antônio; RUFINO, Luiz. Encantamento: sobre política de vida. Rio de Janeiro: Mórula, 2020.