Sob um véu, se esconde o segredo
as mulheres, a arte e a vida segundo Proust e Joyce
DOI:
https://doi.org/10.29327/210932.10.2-12Palavras-chave:
Künstleroman; tensões estéticas; arte-vida.Resumo
Este trabalho propõe uma leitura das cenas das obras Em Busca do Tempo Perdido (1913-1927), de Marcel Proust, e Ulysses (1922), de James Joyce, em que há comparações, por parte dos personagens masculinos, entre as personagens femininas dos romances e as representações de mulheres nas obras de arte mencionadas nos romances. O objetivo é analisar como se dá o conflito arte-vida no processo de formação do artista nos romances de Joyce e Proust. Os problemas que serviram como ponto de partida do trabalho foram: a defesa, por Franco Moretti, de que o romance Um Retrato do Artista quando Jovem, de James Joyce, é um Künstleroman que chega ao fim com a decisão do protagonista pela arte; e a defesa, por Aleida Assmann, de que, em Joyce e Proust, a mulher como obra de arte aparece sempre em vantagem em relação à mulher real. A hipótese é que, ao contrário do que afirmam Moretti e Assmann, o romance de formação do início do século XX não é caracterizado pela opção dos personagens pela arte, mas sim, pelas constantes tensões entre arte e vida. As relações com o feminino estão, nessas obras, como metonímias das tensões estéticas do processo de formação dos artistas dos anos 1920, quando entra em crise a ideia de escritores como seres divinos, capazes de descrever a vida mantendo uma distância estética. Isso explica o porquê de haver, em Joyce e Proust, personagens autores que preferem relembrar a época em que eram artistas em potencial, e, ao mesmo tempo, personagens em problemáticos enlaces amorosos, que preferem relembrar o estágio em que a relação com a amada era apenas um desejo a ser realizado.
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