ENCONTRO COM A LINGUAGEM DO POVO HUNI KUIN: CURRÍCULO EM DEVIR
DOI:
https://doi.org/10.29327/212070.7.2-5Palavras-chave:
Linguagem, Indígena, Currículo, Devir, MetáforaResumo
O artigo alinhava contribuições ao conceito de currículo do devir, veiculado em um artigo anterior. A metodologia pautou-se no levantamento da literatura pertinente à temática e a produção de currículos diferenciados, esboçados nas duas últimas décadas, veiculados em dissertações e teses originárias de Programas de Pós-Graduação do norte do Brasil. Resgata-se discussões acerca dos desenhos curriculares e articula-se a duas metáforas da linguagem Huni Kuin, oferecendo outras possibilidades que superem o cerceamento das propostas nacionais. A compreensão do conceito de currículo em devir está articulada à perspectiva dos estudos de Deleuze (1988; 2003), no qual os sujeitos do processo educativo assumem eticamente o protagonismo das ações, embasados em estudos, diálogos e reflexões, sem a submissão a outros que não vivenciam a escola. Para Deleuze a arte seria o apogeu do processo de articulação da linguagem. O artista incumbe-se do processo de ressignificação dos signos, libertando-os das âncoras sociais que os aprisionam. O currículo do devir teria esse desenho, livre, polissêmico, aberto à criação de possibilidades. Duas metáforas da linguagem Huni Kuin são articuladas por conter um potencial explicativo capaz de esclarecer o conceito de currículo do devir: Yube (jibóia) e Kene ku (desenhos verdadeiros), revertendo a ordem predominante do desenho arbóreo que orienta os currículos.
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