Este trabalho tem como objetivo apresentar aspectos de um projeto de escolarização em circulação nos anos finais do século XIX e iniciais do século XX em países do mundo ocidental - como Brasil, França, Portugal, entre outros -, destacando-se argumentos em defesa da escolarização da infância, de sua obrigatoriedade e do provimento material recomendado para a escola nele anunciada. Para fazê-lo elegemos como fonte principal o Diccionario Universal de Educação e Ensino, organizado por Émile Mathieu Campagne (França, 1872) e traduzido e ampliado para a língua portuguesa por Camillo Castello Branco (Portugal, 1873 e 1886). Neste investimento reconhecemos os dicionários de educação como impressos singulares que registram em seus verbetes a circulação de ideias e discursos sobre educação. Além de apresentarmos características gerais da obra, ajustamos as lentes para os verbetes que, ao nosso olhar, trazem elementos que ajudam a compreender uma espécie de base estruturante do ensino primário. O texto está organizado em duas seções: uma trata de definições que envolvem instrução e educação, a outra é dedicada à dimensão material apurada nos verbetes analisados. A produção deste trabalho reitera quanto impressos como este auxiliaram na propagação de ideias pedagógicas e colaboraram, em certa medida, para os debates em torno da necessidade de se escolarizar a infância de forma compulsória, realçando a materialidade que deveria fazer parte desse projeto.