EM DEFESA DA ESCOLARIZAÇÃO DA INFÂNCIA:
Notas sobre a obrigatoriedade e o provimento material
DOI:
https://doi.org/10.29327/268346.7.15-2Keywords:
Circulação de ideias pedagógicas, Cultura material escolar, Dicionário pedagógicoAbstract
Este trabalho tem como objetivo apresentar aspectos de um projeto de escolarização em circulação nos anos finais do século XIX e iniciais do século XX em países do mundo ocidental - como Brasil, França, Portugal, entre outros -, destacando-se argumentos em defesa da escolarização da infância, de sua obrigatoriedade e do provimento material recomendado para a escola nele anunciada. Para fazê-lo elegemos como fonte principal o Diccionario Universal de Educação e Ensino, organizado por Émile Mathieu Campagne (França, 1872) e traduzido e ampliado para a língua portuguesa por Camillo Castello Branco (Portugal, 1873 e 1886). Neste investimento reconhecemos os dicionários de educação como impressos singulares que registram em seus verbetes a circulação de ideias e discursos sobre educação. Além de apresentarmos características gerais da obra, ajustamos as lentes para os verbetes que, ao nosso olhar, trazem elementos que ajudam a compreender uma espécie de base estruturante do ensino primário. O texto está organizado em duas seções: uma trata de definições que envolvem instrução e educação, a outra é dedicada à dimensão material apurada nos verbetes analisados. A produção deste trabalho reitera quanto impressos como este auxiliaram na propagação de ideias pedagógicas e colaboraram, em certa medida, para os debates em torno da necessidade de se escolarizar a infância de forma compulsória, realçando a materialidade que deveria fazer parte desse projeto.
Downloads
References
ALCÂNTARA, Wiara Rosa Rios. Por uma história econômica da escola: a carteira escolar como vetor de relações (São Paulo, 1874-1914). 2014. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-01102014-103754/pt-br.php; Acesso em: 12 jan. 2022.
BARRA, Valdeniza Lopes da. Da pedra ao pó: itinerário da lousa na escola pública paulista do século XIX. Goiânia: Gráfica UFG, 2016.
BENCOSTTA, Marcus Levy Albino (Org.). Culturas Escolares, Saberes e Práticas Educativas: itinerários históricos. 1ª. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2007.
BENCOSTTA, Marcus Levy Albino (org.). História da educação, arquitetura e espaço escolar. São Paulo: Cortez, 2005.
DICCIONARIO Universal de Educação e Ensino. Paris: Typographie Lahure, 1872. 1211p.
DICCIONARIO Universal de Educação e Ensino. Porto: Livraria Internacional de Ernesto Chardron. Braga: Livraria Internacional de Eugenio Chardron, 1873a. v. 1, 806p.
DICCIONARIO Universal de Educação e Ensino. Porto: Livraria Internacional de Ernesto Chardron. Braga: Livraria Internacional de Eugenio Chardron, 1873b. v. 2, 798p.
DICCIONARIO Universal de Educação e Ensino. Porto: Livraria Internacional de Ernesto Chardron - Casa Editora Lugan & Genelioux, sucessores, 1886a. v. 1, 1016p.
DICCIONARIO Universal de Educação e Ensino. Porto: Livraria Internacional de Ernesto Chardron - Casa Editora Lugan & Genelioux, sucessores, 1886b. v. 2, 910p.
DICCIONARIO Universal de Educação e Ensino. Porto: Livraria Internacional de Ernesto Chardron - Casa Editora Lugan & Genelioux, sucessores, 1886c. v. 3, 920p.
DUBOIS, Patrick. Le Dictionnaire de F. Buisson et ses auteurs (1878-1887). Histoire de l’éducation, n. 85, 2000, p. 25-47. Disponível em: https://journals.openedition.org/histoire-education/1233 Acesso em: 25 jan. 2022.
CASTRO, Cesar Augusto. Produção e circulação de livros no Brasil: dos Jesuítas (1550) aos militares (1970). BIBLI: R. eletrônica de Bibl. Ci. Inform., Florianópolis, n. 20, 2. semestre de 2005, p. 92 – 103. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/view/1518-2924.2005v10n20p92/305 Acesso em: 27 out 2021.
ELIAS, Norbert. O processo civilizador: formação do Estado e Civilização. Tradução de Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. v.2.
ERMEL, Tatiane de Freitas; BENCOSTTA, Marcus Levy Albino. Arquitetura escolar: diálogos entre o global, o nacional e o regional na história da educação. Revista História da Educação, v. 23, p. 1-6, 2019. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/asphe/issue/view/2982/showToc. Acesso em: 13 jan 2022.
ESCOLANO BENITO, Agustín. Etnohistória e a cultura material da escola: a educação nas Exposições Universais. In: GASPAR DA SILVA, Vera Lucia; SOUZA, Gizele de; CASTRO, C. A. (orgs.). Cultura material em perspectiva histórica: escritas e possibilidades. Vitória: EDUFES, 2018. p. 93-118.
GASPAR DA SILVA, Vera Lucia; SOUZA, Gizele de; CASTRO, Cesar Augusto. Revista Educação e Emancipação. Dossiê Temático “Produção e Circulação de Mobiliário Escolar”. v. 13, n. 3, set./dez. 2020. Disponível em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/reducacaoemancipacao/issue/view/655. Acesso em: 09 dez. 2021.
GASPAR DA SILVA, Vera Lucia; SOUZA, Gizele de. Objetos de utilidade prática para o ensino elementar: museus pedagógicos e escolares em debate. In: GASPAR DA SILVA, Vera Lucia; SOUZA, Gizele de; CASTRO, Cesar Augusto (Orgs.). Cultura material escolar em perspectiva histórica: escritas e possibilidades. Vitória: EDUFES, 2018. p. 119-142.
KUHLMANN JÚNIOR, Moysés. As grandes festas didáticas: a educação brasileira e as exposições internacionais (1862-1922). Bragança Paulista: Editora da Universidade São Francisco, 2001.
MACHADO, Benedito Fialho. O expert da reestruturação do Ensino no Pará (1890). Revista de Matemática, Ensino e Cultura, ano 15, número 34, 2020, p. 9-29.
MENESES, Ulpiano Bezerra. A Exposição Museológica e o conhecimento histórico. In: FIGUEIREDO, Betania Gonçalves. VIDAL, Diana Gonçalves (Orgs.). Museus: dos gabinetes de curiosidade à museologia moderna. Belo Horizonte: Argvmentvm, 2005, p. 18-84.
NÓVOA, António; SCHRIEWER, Jürgen. A difusão mundial da escola: Alunos, Professores, Currículo, Pedagogia. Lisboa: Educa, 2000.
PARÁ. Direção Geral da Instrução Pública. Ensino Primário: regulamento escolar, programas, horário e instruções pedagógicas para as escolas públicas do Estado do Pará, 1890. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/219855. Acesso em: 01 dez. 2021.
PETRY, Marilia Gabriela. Da recolha à exposição: a constituição de museus escolares em escolas públicas primárias de Santa Catarina (Brasil – 1911 a 1952). 2013. 222 f. Dissertação (Mestrado) – Centro de Ciências Humanas e da Educação, Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: http://www.faed.udesc.br/arquivos/id_submenu/151/marilia_gabriela_petry.pdf. Acesso em: 14 jan 2022.
PETRY, Marilia Gabriela; GASPAR DA SILVA, Vera Lucia. Museu escolar: sentido, propostas e projetos para a escola primária (séculos 19 e 20). Revista História da Educação, vol. 17, n. 41, 2013, p. 79-101. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/asphe/article/view/38773/pdf_5. Acesso em: 14 jan 2022.
PORTUGAL. Direcção Geral de Instrucção Publica, 2 de maio de 1878. Disponível em: http://193.137.22.223/fotos/editor2/1878.pdf. Acesso em: 12 jan 2022.
RUGONI DE SOUSA, Gustavo. A (re)invenção do mobiliário escolar: entre saberes pedagógicos, higienistas e econômicos (1851-1889). 2019. 266 f. Tese (Doutorado em Educação), Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: https://sistemabu.udesc.br/pergamumweb/vinculos/000076/00007609.pdf. Acesso em: 13 jan. 2022.
RUGONI DE SOUSA, Gustavo; KINCHESCKI, Ana Paula de Souza; GASPAR DA SILVA, Vera Lucia. A carteira escolar está “apta para o seu destino”? argumentos e exigências sobre o mobiliário escolar em Exposições Universais. Revista Educação e Emancipação. v. 13, n. 3. Dossiê Temático, p.45-69, set./dez. 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.18764/2358-4319.v13n3p45-69. Disponível em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/reducacaoemancipacao/article/view/15666. Acesso em: 27 out. 2021.
SOUZA, Rosa Fátima de. História da Cultura Material Escolar: Um balanço inicial. In: BENCOSTA, Marcus Levy Albino (Org.). Culturas escolares, saberes e práticas educativas: itinerários históricos. São Paulo: Cortez, 2007, p. 163-189.
TEIXEIRA JÚNIOR, Oscar. Representações e apropriações docentes do método intuitivo na educação paulista da Primeira República (1890-1920). 2011. 283 f. Tese (Doutorado em Educação), Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP.
TREVISAN, Thabata Aline; PEREIRA, Bárbara Cortella. Leituras recomendadas para as Escolas Normais no Brasil e na França (século XIX): transferências culturais e de modelos pedagógicos. Patrimônio e Memória. São Paulo, Unesp, v. 9, n.1, p. 223-237, janeiro-junho, 2013.
VALDEMARIN, Vera Teresa. Estudando as lições de coisas: análise dos fundamentos filosóficos do Método de Ensino Intuitivo. Campinas, SP: Autores Associados, 2004. (Coleção educação contemporânea).
VERÍSSIMO, José. Instrucções Pedagógicas. In: PARÁ. Direção Geral da Instrução Pública. Ensino Primário: regulamento escolar, programas, horário e instruções pedagógicas para as escolas públicas do Estado do Pará, p.31, 1890. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/219855.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2023 Communitas

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
The Copyright for articles published in this magazine belongs to the author, preserving the rights of first publication for the Communitas Magazine. Because they appear in this publicly accessible journal, the articles are free to use, with their own attributions, in educational and non-commercial applications.