O debate sobre os direitos da Natureza tem ganhado espaço ultimamente. Pensadores da América Latina têm pautado o debate a partir do paradigma ancestral de Pachamama como uma forma de se superar a crise planetária estabelecida pelas forças dominantes do capitalismo. Intelectuais africanos, do outro lado, têm apostado em suas filosofias ancestrais como forma de trazer a sua contribuição. Situando-se no âmbito da Filosofia africana do Ntu, esse artigo tem por objetivos de compreender a origem, o lugar da Comunidade-Universo-Natureza na ontologia e cosmogênese africanas. Para tanto, analisa os mitos egípcios, yorubano, adja e bakongo e os textos filosóficos africanos que se debruçam sobre o Universo, o Mundo, a Natureza ou Terra. O principal argumento defendido é que os povos africanos conheciam a Astronomia, a Astrologia, a Astrobiologia e a Filosofia. Nesse quadro é que o conceito de Universo, Natureza ou Terra deve ser entendidos em suas línguas e linguagens nativas: Noun, Aton, Râ, Olodumare, Iranião-Oquê, Orun-Aiyé, Nzambi-Kalunga. Os textos que foram analisados sugerem que os termos yorubanos Orum e Aiyé possibilitam definir sem ambiguidade o que o autor denomina de Comunidade-Universo-Natureza, e por isso defende que seria melhor denominá-la de Comunidade-Orum-Aiyé.