O ensino de Filosofia tem passado por reformas que nos remetem a compreender como a Filosofia se configurou como disciplina escolar ao longo dos séculos. Tomamos como referência as mudanças ocorridas no programa de ensino secundário do Colégio Pedro II, instituição oficial que no século XIX serviu como referência para todas as demais instituições do país. No início do funcionamento deste estabelecimento de ensino, a Filosofia tinha o maior número de lições e os professores que lecionavam esta matéria tinham os maiores rendimentos, bem diferente de hoje, em que os professores têm apenas uma ou duas aulas no ensino médio. Tal diferença levou-nos a realizar uma análise pautada em pressupostos teóricos e metodológicos de Chervel sobre a história das disciplinas escolares, que também prescindiu do levantamento da primeira geração de professores que atuou no Colégio Pedro II, a fim de estabelecer relações entre os dois contextos históricos. Entre os estudos sobre o percurso profissional dos professores dentro e fora desta instituição, bem como sobre a constituição da identidade profissional do magistério secundário no século XIX, localizamos os estudos de Mendonça et al (2013), que indicaram que a primeira geração de professores (1828-1855) era delimitada de acordo com a forma como eram recrutados para constituir o quadro docente do Colégio de Pedro II. Dentre os 51 docentes identificados pelos autores que tinham vínculo com a instituição nesse período, daremos ênfase àqueles que lecionavam Filosofia. Para isso, utilizaremos o levantamento das fontes documentais existentes no acervo do NUDOM/CPII.