Entre ir e ficar

a fragmentação dos sujeitos pós-modernos encenada em José Saramago e Guimarães Rosa

Autores

Palavras-chave:

Fragmentação, Poética pós-moderna, A terceira margem do rio, O conto da ilha desconhecida

Resumo

Para o sociólogo jamaicano Stuart Hall (2006), o homem pós-moderno constitui-se enquanto um sujeito essencialmente fragmentado e, por assim o ser, deseja incessantemente reconstituir-se. Em face dessa constatação, o propósito do presente artigo é discutir e analisar as problemáticas e dilemas postos aos sujeitos “pós-modernos” e, ao mesmo tempo, elucidar como essas questões se encenam esteticamente no texto literário. Para tanto, a partir das contribuições de teóricos como Linda Hutcheon (1991), François Lyotard (1998), Terry Eagleton (1998) e Ana Paula Arnaut (2002), investigaremos comparativamente os contos A terceira margem do rio (1962), de João Guimarães Rosa, e O conto da ilha desconhecida (1997), de José Saramago. Nessa leitura, buscar-se-á evidenciar como essas velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social e cultural, encontram-se representadas ficcionalmente em declínio, corroborando, de alguma maneira, para com o debate acerca da emergência de um novo indivíduo moderno, até então visto como unificado.

Biografia do Autor

Mateus Roque da Silva, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Mestrando em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), com financiamento da Fundação de Amparo à Pesqusia do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).

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Publicado

2021-12-28

Como Citar

ROQUE DA SILVA, M. Entre ir e ficar: a fragmentação dos sujeitos pós-modernos encenada em José Saramago e Guimarães Rosa. Communitas, [S. l.], v. 5, n. 12, p. 104–116, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufac.br/index.php/COMMUNITAS/article/view/5212. Acesso em: 18 abr. 2024.