DE DORA, POR SARA

memórias e narrativas em contexto de ode à barbárie

Autores

Palavras-chave:

ditadura, documentário, memória, narrativa de vida

Resumo

Este artigo apresenta como corpus o curta-metragem De Dora, por Sara, dirigido por Sara Antunes, e lançado nacionalmente na 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes. A produção fílmica em questão prima em lidar com um acontecimento traumático na história brasileira – a ditadura militar, iniciada em 1964, e a subsequente repressão daqueles que se colocavam contrários a esse regime autoritário. Esse é o cenário das vivências de Maria Auxiliadora Lara Barcelos (uma militante que foi presa, torturada e vivenciou a realidade do exílio, vindo a se suicidar em 1976, na cidade de Berlim), cuja jornada foi discursivizada na supracitada produção fílmica. Isso posto, alguns eixos teóricos fazem-se relevantes: em primeiro lugar, abordar-se-á a noção de memória, chamando a atenção para alguns conceitos importantes, tais como memória discursiva (Courtine, 2014), intericonicidade (Courtine, 2013) e palavras-acontecimento (Moirand, 2007). A análise parte da hipótese, e esse é o segundo ponto, de que há um entrecruzamento das narrativas de vida (Machado, 2019), junto à ideia de apreensão imagética construída por meio do reflexo do “eu” (Bakhtin, 2011).

Biografia do Autor

Adriana do Carmo Figueiredo, FUNDAÇÃO CEFET-MG / Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutora em Estudos Linguísticos pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais e Mestre em Estudos Literários (UFMG/Brasil). Pesquisadora vinculada ao Núcleo de Análise do Discurso da UFMG (NAD-UFMG). Advogada, docente no curso de Direito e na Pós-graduação do IESLA/ESJUS. Pesquisadora de Direitos Humanos, Bioética, Teorias da Argumentação, Literatura e Linguística discursiva. É membro da Sociedade Brasileira de Retórica (SBR), da Associação Latino-americana de Estudos do Discurso (ALED) e da Associação Serras de Minas – Teoria da Justiça e do Direito. Também é aluna internacional dos cursos para doutorado da Facultad de Derecho, Universidad de Buenos Aires (UBA).   E-mail: acfigueiredo.prof@gmail.com.  

Fábio Ávila Arcanjo, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutor e Mestre em Linguística pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG/Brasil) e Graduado em Comunicação social, com ênfase em jornalismo. Pesquisador vinculado ao Núcleo de Análise do Discurso da UFMG (NAD-UFMG). É integrante de grupos de pesquisa Estudos de Linguagem, Argumentação e Discurso – ELAD, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e Mídia e Memória, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). É membro da Associação Brasileira de Retórica e Associação Latino-americana de Retórica, fazendo parte do comitê organizador de congressos e simpósios propostos por tais associações. Os principais temas de pesquisa são Análise do Discurso, teorias da comunicação e estudos em argumentação, com foco em cinema, memória, mídia, Holocausto e direitos humanos. E-mail: fabioarcanjo81@gmail.com.

Referências

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FILMES MENCIONADOS

Alma clandestina, de José Barahona. Brasil, Cine Brasil TV, 2018, som, cor, 100 min.

De Dora, por Sara, de Sara Antunes. Brasil, produção: Clementina Produção Cultural, produção associada: Corpo Rastreado, 2020, som, cor, 14 min.

Retratos de identificação, de Anita Leandro. Brasil., Pojó Filmes, UFRJ e Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (Projeto Marcas da Memória), 2014, som, cor, 72 min.

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Publicado

2021-12-28

Como Citar

FIGUEIREDO, A. do C.; ARCANJO, F. Ávila. DE DORA, POR SARA: memórias e narrativas em contexto de ode à barbárie. Communitas, [S. l.], v. 5, n. 12, p. 10–23, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufac.br/index.php/COMMUNITAS/article/view/5209. Acesso em: 19 abr. 2024.