Neste texto, de certa forma memorialista e auto-biográfico, traço aquelas que são para mim as marcas fundamentais de uma “visão lateral” que parte do seu próprio “lugar de fala” (ou posição discursiva) para abordar posteriormente a escrita portuguesa sobre as guerras da Jugoslávia. Aqui se define o modo como interpreto a mestiçagem e o estatuto de fronteira enquanto “territórios-ponte” que exaltam a ambivalência e a mistura sem cair em qualquer tipo de subalternização. É a partir dessa perspetiva que proponho uma análise da ligação entre as periferias da Europa – às quais chamo “Afropa” e “Eurásia” - nos seus pontos de interligação enquanto espaços “auto-colonizados” e “semi-periféricos”, cujas particularidades não são concebíveis dentro de discursos binários assentes em purezas essencialistas e que negam a singularidade. Este trabalho constitui, por isso, um prolegómeno ao resto da investigação que pretendo estabelecer sobre textos que refletiram acerca do fim de um dos últimos países doutrinariamente “multi-étnicos” da Europa.