A pandemia de Covid-19 instituiu uma crise sanitária e humanista no mundo sem precedentes. No Brasil essa situação, assumiu uma face ainda mais dramática, devido a crise política acentuada desde o processo de Impeachment, constantemente negando a ciência, sonegando dados e desdenhando do sofrimento e luto de milhares de brasileiros. Esse aspecto político foi crucial para o desdobramento da política de controle social através da morte, um dilema entre fazer viver ou deixar morrer - ou definir quem sobrevive e quem morre - a chamada necropolítica, como define o conceito do filósofo camaronês Achille Mbembe (2018). Frente a esse cenário o dossiê CURRÍCULOS DA EDUCAÇÃO (EM TEMPO) INTEGRAL EM TEMPOS DE NEGACIONISMO E NECROPOLÍTICA reuniu textos nacionais e internacionais que analisaram o processo de reorganização dos currículos da Educação (em tempo) Integral para o Ensino Remoto percebendo-a dentro de um contexto político amplo e complexo em que de um lado temos aspectos históricos das políticas educacionais marcados pelo Plano Nacional de Educação (2014-2024) e das políticas curriculares com a Base Nacional Comum Curricular frutos de reformas e experiências curriculares desencadeado em diferentes países. Enquanto que do outro lado, a pandemia da COVID-19 impôs uma nova conjuntura às práticas curriculares em que se fez necessário problematizar as relações em seus diferentes tempos e espaços.