Cinema e interculturalidade em “O Mestre e o Divino”
DOI:
https://doi.org/10.29327/210932.3.2-8Palavras-chave:
Imagem. Interculturalidade. América Latina. Decolonialidade. Cultura.Resumo
O Mestre e o Divino (2013), documentário dirigido por Thiago Campos, revela formas da colonialidade do ver instituídas pelo imaginário eurocêntrico e processadas na relação conflitiva entre dois personagens: o imigrante europeu e o nativo latino-americano. O filme apresenta sutilezas que dizem muito sobre a absolutização da cultura imposta como referência de criatividade, e, ao mesmo tempo, desdiz sabiamente quando aponta a luta travada contra a imponência e a inferência na‘domesticação’ indígena. Aborda o processo de interculturalidade questionando a ideia de pertencimento a uma cultura. Desafia a re-pensar nas imagens cinematográficas a manutenção da invisibilidade do colonizado diante de imposição religiosa e a reprodução de imagem de ‘civilidade’ que permanece na América Latina. Com base na teoria da decolonialidade do ver e as relações de interculturalidades na perspectiva defendida por Catherine Walsh, neste artigo, o referido documentário é tomada como objeto de estudo para uma reflexão sobre o processo de inferiorização racial e epistêmica impresso em produções imagéticas na América Latina.
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