A narrativa é lida neste artigo como um gênero fronteiriço capaz de captar o cotidiano amazônico de modo singular e revisitar estereótipos que perduram na construção discursiva da região. Por meio dela, o espaço e o tempo amazônico são recontados de uma perspectiva local e cativante. As noções de estereótipo e mostração exploradas pela socioantropologia do cotidiano de Michel Maffesoli, bem como, os estudos do imaginário de Gaston Bachelard e Gilbert Durand foram fundamentais para a leitura das narrativas/crônicas de Florentina Esteves. A crônica é narrativa e se faz fenômeno e método da leitura proposta. É instrumento de autoconhecimento e de conhecimento do outro. Proporciona uma reflexão sobre a narrativa enquanto forma textual, poética do cotidiano, jeito peculiar de dizer o dia-a-dia e suas complexidades.