Neologismos no Português de Roraima
DOI:
https://doi.org/10.29327/210932.10.2-16Palavras-chave:
Neologismo, lexicologia, português de RoraimaResumo
O objetivo deste estudo é identificar e caracterizar os neologismos no português de Roraima. Para tanto, discute o conceito de neologismo (ALVES, 1996; GUILBERT, 1973) e seus critérios classificatórios (MATIELLO, 2017; JESUS, 2018; CARVALHO, 2009) e orienta sua metodologia com base em Hartmann e James (1998), que consiste no uso do método da introspecção, na pesquisa textual (criação de um corpus), na coleta de conversas informais e na comparação entre dados coletados e dicionários gerais da língua. Os resultados indicam que (1) há neologismos típicos e próprios do falar local, com prevalência dos típicos, o que confirma a relação do português de Roraima com outras variedades do Norte; (2) o padrão neológico é o formal, que possibilita criar novas unidades lexicais com base modelos anteriores (o princípio da analogia); (3) os neologismos do tipo empréstimo advêm do contato com os indígenas e os venezuelanos; (4) os indigenismos de origem tupi são muitos e já se encontram dicionarizados; (5) os indigenismos de línguas nativas são escassos, devido às políticas colonizadoras que buscavam apagar as culturas autóctones; (6) os anglicismos oriundos da Guiana inexistem apesar de haver uma movimentada fronteira com o país vizinho; e (7) os dicionários gerais da língua portuguesa apresentam incoerências no registro de datação, rubrica e localização de palavras ligadas ao contexto roraimense.
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