JUNTOS E MISTURADOS:
a representação da mestiçagem nos relatos dos viajantes naturalistas Henry Walter Bates e Louis Rodolph Agassiz na Amazônia do século 19
Resumo
O presente artigo propõe discutir de que maneira a mistura das raças indígena, preta e branca são interpretadas pelos viajantes naturalistas que desembarcam na Amazônia dos oitocentos. Os “homens da ciência” que aqui chegavam traziam conceitos definidos de mundo e sociedade. E ao encontrar os amazônidas criticam seus modos de vida, aspectos físicos e as relações sociais. Essas analises são apresentadas ao mundo, inventando um nativo, ou seja, cria-se a figura de sujeitos tendo princípios europeus como base, tornando o “outro” inferior. Tais textos servem para reforçar o preconceito existente na sociedade, cujos reflexos são nítidos ainda no século 21. Desse modo, consideramos crucial, discutir o porquê esses sujeitos foram classificados dessa forma e (re) significar o papel que ocupam na construção da sociedade brasileira. Para isso, dialogarei com as obras de alguns viajantes como Henry Battes (1944), Louis e Elisabeth Agassiz (2000), e Alfred Russel Wallace (2004), somando ainda a discussão com autores Lorelai Kury (2001), Hideraldo Costa (2013), Miguel Nenevé (2015), Sônia Maria Gomes Sampaio (2015), Kassiane Albuquerque (2013) e Carla Lima (2008), estudiosos que tem como objeto de pesquisa os discursos desses viajantes. Ao longo desse estudo é possivel observar como esses relatos construíram uma sociedade baseada em preconceitos trazidos por estrangeiros, que ainda encontram-se presentes ao nosso redor. Alcançando níveis elevados de racismo estrutural, classificações que exigem o enfrentamento direto por meio de debates e do diálogo com a produção do conhecimento científico.
PALAVRAS-CHAVE: Viajantes Naturalistas; Mestiçagem; Preconceito e Amazônia.