A marginalização da figura feminina negra empoderada como bruxa em Eu, Tituba
bruxa negra de Salem (1986) de Maryse Condé
DOI:
https://doi.org/10.29327/210932.11.1-10%20Palabras clave:
Feminismo negro. Bruxa. Protagonista feminina negra. Eu, Tituba: Bruxa negra de Salem.Resumen
Analisa-se o romance Eu, Tituba: bruxa negra de Salem, (1986), de Maryse Condé, com o objetivo de analisar a voz de Tituba sobre os acontecimentos de Salem, de forma a simbolizar a voz de “bruxas” e mulheres negras silenciadas pelas histórias oficializadas. Como teoria, utiliza-se o feminismo negro, que discute sobre as mulheres marginalizadas por questões raciais e de classe, com base em Davis (2016; 2018) e hooks (2018; 2019), bem como a discussão sobre a criação do estereótipo de bruxa imputado a mulheres empoderadas, com base em autores como Federici (2017) e Russel e Alexander (2019). A pesquisa revela que a ficção de Condé revisita a história e evidencia a exclusão das mulheres negras da historiografia oficial, como a história de Salem sugere. Ao figurar Tituba como protagonista dos julgamentos das bruxas de Salem, coloca-a em uma posição sempre negada pelo patriarcado e pelos movimentos de supremacia branca.
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