Língua e representação afrodescendente no romance A selva
provocações em torno de uma pretensa obliteração na literatura amazonense
DOI:
https://doi.org/10.29327/210932.12.1-8Palavras-chave:
Amazônia; Representação afrodescendente; Crítica Pós-colonial; A selva.Resumo
O romance A selva, de Ferreira de Castro, foi publicado em 1930. O enredo da narrativa abrange o período entre 1910 e 1920 e tem como tema a condição de seringueiros e de outros grupos subalternizados nos seringais da borracha situados nas brenhas da Amazônia. Tomando essa obra como objeto de análise, propomo-nos, neste artigo, a uma leitura crítica pós-colonial (Fanon, 2005, 2008; Bhabha, 2013; Brugioni, 2022; Hall, 2013) em torno da representação de personagens negros e mestiços em A selva, a fim de contestar uma pretensa obliteração de subjetividades negras e mestiças na Amazônia (Sampaio, 2011), bem como os modos como tais sujeitos são, via linguagem, constituídos. A literatura é entendida aqui, pois, como linguagem que pode contribuir para a visibilidade de sujeitos historicamente marginalizados e apagados ou, diversamente, pode configurar-se como mais um espaço de reificação, apagamento e/ou de exotização desses sujeitos (Said, 2011).
Referências
ALKMIM, Tânia. Falas e cores: um estudo sobre o português de negros e escravos no Brasil
do século XIX. In: LIMA, Ivana Stolze; CARMO, Laura do (orgs.). História social da língua
nacional. Rio de Janeiro: Edições Casa de Rui Barbosa, 2008. p. 247-264.
_________. Fala de escravos brasileiros e portugueses: um esboço de comparação. In: LOBO, T.; RIBEIRO, I; CARNEIRO, Z; ALMEIDA, N. (orgs.). Para a história do português brasileiro. Salvador: EDUFBA, 2006. p. 585-594.
ALKMIM, Tânia; LÓPEZ, Laura A. Registros da escravidão: as falas de pretos-velhos e de Pai João. Stockholm Review of Latin American Studies, Issue n. 4, march, 2009. Disponível em: <https://www.diva-portal.org/smash/get/diva2:272942/FULLTEXT01.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2024.
ALEIXO, Mª José N; SAMPAIO, Patrícia M. In: SAMPAIO, Patrícia Melo (org.). O fim do
silêncio: presença negra na Amazônia. Belém: Editora Açaí; CNPQ, 2011. p. 219-238.
BARBOSA, Benedito Carlos Costa. Africanos na Amazônia Colonial: notas sobre fugas, mocambos e insolências nas terras do Grão-Pará e maranhão (1707-1750). Transversos, Rio de Janeiro, v. 02, n. 02, mar.-set. 2014. Disponível em: < https://www.e-publicacoes.uerj.br/transversos/article/view/18548>. Acesso em: 14 abr. 2024.
BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica, Arte e Política: ensaios sobre literatura e história da
cultura. Tradução Sérgio Paulo Rouanet; prefácio Jeanne Marie Gagnebin. 7. ed. São Paulo:
Brasiliense, 1994. (Obras escolhidas, v.1).
BEZERRA NETO, José Maia. Escravidão Negra no Grão-Pará (séculos XVII-XIX). Belém: Paka-Tatu, 2012.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Tradução Myrim Ávila e Eliana Lourenço de Lima Reis. Gláucia Renata Gonçalves. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.
BROOKSHAW, David. Raça e cor na literatura brasileira. Tradução Marta Kirst. Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1983.
BRUGIONI, Elena. Pós-Colonial e Decolonial. In: GALLO, Fernanda (org.). Breve dicionário das literaturas africanas. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2022. p. 215-229.
CASTRO, José Maria Ferreira de. A selva. 37. ed. Lisboa: Guimarães, 1989.
CAVALCANTE, Ygor O. R. Fugidos ainda que sem motivo‖: escravidão, liberdade e fugas
escravas no Amazonas Imperial. In: SAMPAIO, Patrícia Melo (org.). O fim do silêncio:
presença negra na Amazônia. Belém: Editora Açaí; CNPQ, 2011. p. 43-72.
FANON, Frantz. Os condenados da terra. Tradução Elnice Albergaria Rocha e Lucy Magalhães. Juiz de Fora, MG: Ed. UFJF, 2005.
_________. Pele negra, máscaras brancas. Tradução Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.
FIGUEIREDO, Napoleão. Presença africana na Amazônia. Afro-Ásia, Salvador, n. 12, 1976. Disponível em: <https://periodicos.ufba.br/index.php/afroasia/article/view/20781>. Acesso em: 14 abr. 2024.
HALL, Stuart. Quando foi o pós-colonial? – Pensando no limite. In: HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Tradução de Adelaine La Guardia Resende [et al.]. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013. p. 110-140.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de S. Minidicionário Houaiss da língua portuguesa.
ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.
MARCOY, Paul. Viagem pelo rio Amazonas. Tradução, introdução e notas de Antonio
Porro. 2. ed. Manaus: Editora da Universidade do Estado do Amazonas, 2006.
MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Tradução Sebastião Nascimento. São Paulo: N-1 edições, 2018.
PALHETA, Daniel; DAMASCENO, Alberto; EMINA, Santos. A diáspora de populações Africanas para Amazônia nos séculos XVII e XVIII: um olhar historiográfico sobre as motivações econômicas do Estado Português. Brazilian Applied Science Review, Curitiba, v. 2, n. 3, p. 951-969, jul./set. 2018. Disponível em: <https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BASR/article/view/460>. Acesso em: 14 abr. 2024.
PROENÇA FILHO, Domício. A trajetória do negro na literatura brasileira. In: Revista
Estudos Avançados, vol. 18, n. 50, São Paulo, jan/abril, 2004. p. 161-193. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo>. Acesso em: 14 abr. 2024.
SAID, Edward. Cultura e Imperialismo. Tradução Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
SALLMANN, Jean-Michel. As bruxas Noivas de Satã. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
SAMPAIO, Patrícia Melo (org.). O fim do silêncio: presença negra na Amazônia. Belém:
Editora Açaí; CNPQ, 2011.
VERGOLINO-HENRY, Anaíza; FIGUEIREDO, Arthur Napoleão. A Presença Africana na Amazônia Colonial: Uma notícia histórica. Belém: Arquivo Público do Pará, 1990.
WALLERSTEIN, Immanuell. Análisis de sistemas-mundo: una introducción. Traducción de Carlos Daniel Schroeder. Mexico: Siglo XXI, 2005.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Adriana Cristina Aguiar Rodrigues
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.