Discurso, mídia e resistência
os meios de comunicação alternativos latino-americanos e o golpe contra Dilma Rousseff
DOI:
https://doi.org/10.29327/210932.10.1-4Palavras-chave:
Mídias alternativas. Golpe de 2016. Discurso. Dilma Rousseff.Resumo
Considerando que os meios de comunicação alternativos têm atuado cada vez mais na construção de narrativas outras acerca dos acontecimentos políticos, nosso objetivo neste artigo é analisar como a mídia alternativa latino-americana representou um dos eventos mais conturbados da cena política brasileira: o golpe contra Dilma Rousseff. Para tanto, recorremos ao aporte teórico-metodológico da Análise de Discurso de filiação pecheutiana, especificamente no que se refere aos seguintes tópicos: interdiscurso, memória discursiva e formação discursiva (doravante FD). Conforme nossos gestos analíticos, identificamos que, contrariamente às mídias que discursivizaram o evento enquanto impeachment/processo legal, os veículos alternativos analisados construíram uma representação outra acerca do golpe e legitimaram posições-sujeitos contrárias à destituição de Dilma Rousseff, apontando, pois, para a configuração de uma FD contra-hegemônica e rompendo com os discursos cristalizados pelos meios hegemônicos de comunicação.
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