ESTUDOS CULTURAIS E LITERATURA ORAL do planejamento à transcrição, textualização e transcriação
Abstract
A narrativa das memórias pode se dar de diversas formas, inclusive de trajetórias de vida ou de literatura oral. A fala, o texto transcrito e a escrita transcriada despertam paixão e interesse não só pela sua repercussão cotidiana, mas pela diversidade, diferença e linguagem utilizadas que levam os interlocutores às ideias e diálogos. Levam a possibilidades.
As entrevistas coletadas passaram por três etapas iniciais: a) a transcrição que é a primeira versão escrita dos depoimentos, nela se busca reproduzir fielmente tudo o que foi dito sem recortes ou acréscimos; b) a textualização na qual se omite o entrevistador e se afere ao narrador a titularidade das narrativas; c) a transcriação em que o texto é recriado a ponto de ser coerente e fazer sentido para o leitor que não teve acesso ao diálogo inicial.
As identidades estão sempre em curso, é na relação tempo/espaço que se tensiona a memória que almeja conhecer as referências fundamentais do passado. Os entrevistados narram os acontecimentos que perpassam de forma transcendente aquilo que se apresenta de forma mais imediata em suas vidas, ora por aspectos comuns, ora por experiências do cotidiano.
O Ato transcriativo e a ação transcriadora são produzidos a partir das memórias dos sujeitos lembrantes que atuaram produzindo reminiscências e reproduzindo trajetórias de vida. O trabalho com fontes orais deve ser reflexivo, ponderando os fatos e se propondo a interferir na transformação social.
A partir dos depoimentos gravados, transcritos, textualizados e transcriados, acreditamos ser possível conhecer a visão que os entrevistados têm de suas próprias trajetórias de vida, em consonância e/ou dissonância com a temática estabelecida para abordagem.
Palavras-chave: literatura oral, transcrição, textualização, transcriação.
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