MEMÓRIAS DE VELHOS NO TERCEIRO EIXO OCUPACIONAL DE RIO BRANCO
Resumo
A partir das falas dos moradores que vivem nas localidades que compõem o Terceiro Eixo riobranquense – também conhecido como Baixada da Sobral – desde o período de “formação urbana” deste, pudemos construir um corpus a partir do qual foram investigadas as relações e experiências vivenciadas a partir da memória.
No presente estudo, apresentamos nossos enfoques e constatações, tendo como ponto de partida um estudo crítico-reflexivo da memória de velhos, pautada em um contexto de geração.
Um ponto a salientar, refere-se à abordagem deste estudo, enfocando-se a ocupação dos espaços sociais e suas representações nas memórias ao longo das trajetórias de vida desses sujeitos migrantes. Tendo em vista as situações de mudanças pelas quais eles passaram, as rupturas, a adaptação e a resistência aos novos espaços e culturas, percebemos o configurar não só de uma mudança espacial, como também a reconstrução de suas identidades individuais e coletivas, bem como a formação de uma memória social.
Concomitantemente, cabe assinalar que o espaço relativo ao Terceiro Eixo riobranquense, na década dos anos de 1970 e primeiros anos da década seguinte, tornou-se palco da formação de uma nova comunidade, compreendendo segmentos populacionais diversificados, nos quais indivíduos e grupos interagiam em uma nova dinâmica social, formando uma teia de relações sociais constituída por conflitos e formas de superação dos mesmos, laços de vizinhança e vivências de um cotidiano comum.
Ao perceber a memória como aporte da construção da história e da sociedade, trabalhamos com autores que observaram as atividades dos grupos sociais em sua unidade construída, evitando a dissociação prematura dos seus elementos; estudando as teorias existentes e a elaboração das mesmas ante o sujeito estudado. Embasamos teoricamente nosso estudo com as metodologias de Ecléa Bosi e Paul Thompson, embora como suporte para algumas questões específicas da memória consideramos os estudos identitários de Stuart Hall, uma vez que o autor estuda a relação da identidade entre os indivíduos enquanto aporte da construção histórica do homem em sociedade.
Tentamos “reconstruir”, com entrevistas, a partir das memórias, lembranças e esquecimentos, uma parte das trajetórias de vida dos sujeitos lembrantes que atualmente são idosos – ou velhos, como preferem ser chamados – e presenciaram os momentos de lutas, rupturas e soerguimentos nos processos de ocupação dos bairros formadores do Terceiro Eixo Ocupacional de Rio Branco, enquanto vivenciavam em si mesmos as modificações que estavam ocorrendo.