“A SOCIEDADE DO RISCO”:

CONSIDERAÇÕES SOBRE O RISCO E A SUA GESTÃO À LUZ DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA

Autores

Palavras-chave:

Risco; Geografia; Gestão; Sociedade.

Resumo

A sociedade contemporânea é marcada pela ascensão de um mundo, fluído, digital e globalizado. De acordo com a obra de Urich Beck, esta sociedade do risco tem como características, a construção de um ambiente caótico, desregulamentado onde o risco se tornou elemento marcante da vida. Neste sentido, o presente trabalho promove a discussão teórica sobre riscos, relacionando-o enquanto categoria de análise da geografia, destacando na mesma lógica, elementos conceituais e metodológicos para a sua gestão. Acredita-se que a geografia do risco se constitui enquanto intervenção holística e ética para compreender e enfrentar os desafios contemporâneos, evidenciando o papel crucial da disciplina numa sociedade, especialmente sujeita a incertezas e ao caos. Ao abordar o risco enquanto categoria de análise geográfica, o artigo defende a necessidade de integrar processos teóricos e práticos para lidar com os riscos e seus impactos na sociedade. Logo, à luz da ciência geográfica entende-se que a gestão dos riscos é definida como um conjunto de ações e políticas, envolvendo atores públicos, privados e sociais, que objetivam mitigar ou atenuar os efeitos causados por eventos danosos. Por fim, o texto demonstra como se dá a dinâmica da gestão dos riscos em diferentes regiões, evidenciando a correlação entre desenvolvimento socioeconômico, estrutura estatal e a capacidade gerenciar as crises. Conclui-se que a geografia dos riscos se consolida enquanto resposta ao contexto da sociedade do risco, sendo importante agente no fortalecimento da resiliência e na mitigação de possíveis danos as populações.

Biografia do Autor

Anderson Azevedo Mesquita, Universidade Federal do Acre

Professor do curso de Geografia do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Acre - Ufac

José Genivaldo do Vale Moreira, Universidade Federal do Acre

Professor da Universidade Federal do Acre, Programa de Pós-graduação em Ciência, Inovação e Tecnologia para a Amazônia da UFAC, Rio Branco, Acre, Brasil

Alexsande de Oliveira Franco, Universidade Federal do Acre

Prof° Drº da Universidade Federal do Acre, Programa de Pós-graduação em Geografia, Rio Branco, Acre, Brasil.

Rodrigo Otávio Perea Serrano, Universidade Federal do Acre

Professor da Universidade Federal do Acre, Programa de Pós-graduação em Ciência, Inovação e Tecnologia para a Amazônia da UFAC, Rio Branco, Acre, Brasil; Professor do Programa de Mestrado em Geografia da UFAC.

Referências

ACCASTELLO, C; COCUCCIONI, S; TEICH, M. The concept of risk and natural hazards. In: Protective Forests as Ecosystem-Based Solution for Disaster Risk Reduction (Eco-DRR). IntechOpen, 2021.

AVEN, T; RENN, O; ROSA, E. A. On the ontological status of the concept of risk. Safety Science, 2011, 49.8-9: 1074-1079. https://doi.org/10.1016/j.ssci.2011.04.015

BANKOFF, G. Rendering the world unsafe:‘vulnerability’as western discourse. Disasters, 25(1), 19-35. 2001. https://doi.org/10.1111/1467-7717.00159

BATTISTELLI, F; GALANTINO, M. G. Dangers, risks and threats: An alternative conceptualization to the catch-all concept of risk. Current Sociology, 2019, 67.1: 64-78. https://doi.org/10.1177/0011392118793675

BECK, U. " Momento cosmopolita" da sociedade de risco. ComCiência, 2008, 104: 0-0. Disponível em: (http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-76542008000700009&lng=pt&nrm=isso) Acesso: 12/12/2023

BECK, U. A metamorfose do mundo: novos conceitos para uma nova realidade. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2018.

BECK, U. Ecological politics in an age of risk. John Wiley & Sons, 2018.

BECK, U. Sociedade de risco. São Paulo: Editora, 2010, 34: 49-53.

BECK, U. What is globalization? Cambridge: Polity Press, 2000.

BIRKMANN, J. Measuring vulnerability to promote disaster-resilient societies: Conceptual frameworks and definitions. Measuring vulnerability to natural hazards: Towards disaster resilient societies, 2006, 1.9: 3-7.

BIRKMANN, J. Risk and vulnerability indicators at different scales: Applicability, usefulness and policy implications. Environmental hazards, v. 7, n. 1, p. 20-31, 2007. https://doi.org/10.1016/j.envhaz.2007.04.002

BOHLE, H. G.; DOWNING, T. E.; WATTS, M. J. Climate change and social vulnerability: toward a sociology and geography of food insecurity. Global environmental change, v. 4, n. 1, p. 37-48, 1994. https://doi.org/10.1016/0959-3780(94)90020-5

BRADBURY, J. A. The policy implications of differing concepts of risk. Science, Technology, & Human Values, 1989, 14.4: 380-399. https://doi.org/10.1177/016224398901400404

CABRAL, L. S; CÂNDIDO, G. A. Urbanização, vulnerabilidade, resiliência: relações conceituais e compreensões de causa e efeito. urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, 2019, 11: e20180063. https://doi.org/10.1590/2175-3369.011.002.AO08

CARDONA, O. D. Um sistema de indicadores para a gestão de riscos de desastres nas Américas. Measuring vulnerability to natural hazards — Towards disaster resilient societies (Sociedades resilientes a desastres), 2006.

CASTRO, I .E. “O problema da escala”. In: Castro, I. E. et al. (Orgs.) Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro,Bertrand, 1995.

CUTTER, S. L. Urban risks and resilience. Urban informatics, 2021.

CUTTER, S. L. Vulnerability to environmental hazards. Progress in human geography, v. 20, n. 4, p. 529-539, 1996. https://doi.org/10.1177/030913259602000407

DRAXLER, J. Globalisation and Social Risk Management in Europea. Literature Review. 2012.

GALEANO, E. As veias abertas da América Latina. 12. Edição. São Paulo: L&PM, 1999.

GUIVANT, J. S. O legado de Ulrich Beck. Ambiente & Sociedade, 2016. https://doi.org/10.1590/1809-4422ASOC150001ExV1912016

HAMPEL, J. Different concepts of risk–A challenge for risk communication. International journal of medical microbiology, 2006, 296: 5-10. https://doi.org/10.1016/j.ijmm.2005.12.002

KOBIYAMA, M.; MENDONÇA, M.; MORENO, D.; MARCELINO, I.; MARCELINO, E.; GONÇALVES, E.; MOLLERI, G. Introdução à prevenção de desastres naturais. Florianópolis: GEDN/UFSC, 2004.

LIDSKOG, R; SUNDQVIST, G. Sociology of risk. In: Essentials of risk theory. Dordrecht: Springer Netherlands, 2012. p. 75-105.

MARANDOLA JR, E. HOGAN, D. J. Natural hazards: o estudo geográfico dos riscos e perigos. Ambiente&Sociedade. Vol. 7. N. 02. 2004. https://doi.org/10.1590/S1414-753X2004000200006

MENDES, J. M. Ulrich Beck: a imanência do social e a sociedade do risco. Análise Social, 2015, 214: 211-215. Disponível em: (https://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0003-25732015000100012?script=sci_arttext&pid=S0003-25732015000100012) Acesso: 10/11/2023

MILETI, D. Disasters by design: A reassessment of natural hazards in the United States. Joseph Henry Press, 1999.

NASCIMENTO, A. S; ARAÚJOC. M. Narratives about natural risks and resilience in the construction of the global neoliberal urban agenda. Cadernos Metrópole, 2021, 23: 1135-1164. https://doi.org/10.1590/2236-9996.2021-5213

NORRIS, F. H.; STEVENS, S. P. Community resilience and the principles of mass trauma intervention. Psychiatry, 2007, 70.4: 320-328. https://doi.org/10.1521/psyc.2007.70.4.320

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Como construir cidades resilientes: um guia para gestores públicos locais. Genebra, 2012.

PAGETT, R. Principles Regarding Urbanisation, Disaster Risks Risks and Resilience. In: Handbook of Disaster Risk Reduction for Resilience: New Frameworks for Building Resilience to Disasters. Cham: Springer International Publishing, 2021. p. 57-77.

PEDROSA, A. S. O geógrafo como técnico fundamental no processo de gestão dos riscos naturais. Boletim Goiano de Geografia, [S.l.], v. 32, n. 1, p. 11-30, jun. 2012. Disponível em: (https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4785486) Acesso: 08/11/2023

PELLING, M. The vulnerability of cities: natural disasters and social resilience. Routledge, 2012. https://doi.org/10.4324/9781849773379

REITH, G. Uncertain times: the notion of ‘risk’and the development of modernity. Time & Society, 2004, 13.2-3: 383-402. https://doi.org/10.1177/0961463X04045672

RENN, O. Concepts of risk: a classification. 1992.

RENN, O. The role of risk perception for risk management. Reliability engineering & system Safety, 1998, 59.1: 49-62. https://doi.org/10.1016/S0951-8320(97)00119-1

SANTOS, M. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Editora Record, 2008 (15ª edição)

SOUFI, H. Z; ESFAHANIPOUR, A; SHIRAZI, M. A. Risk reduction through enhancing risk management by resilience. International Journal of Disaster Risk Reduction, 2021, 64: 102497. https://doi.org/10.1016/j.ijdrr.2021.102497

VALÊNCIO, N. Desastres, Ordem Social e Planejamento em Defesa Civil: o contexto brasileiro. São Paulo: Saúde Soc., v.19, n.4, p.748-762, 2010.

VALÊNCIO, N. Sociologia dos desastres: construção, integração, interfaces e perspectivas no Brasil. São Carlos: Rima Editora, 2009.

VEYRET, Y. Os riscos: o homem como agressor e vítima do meio ambiente. Contexto. 2007.

VEYRET, Y; GARRY, G.; RICHEMOND, N. M. "Natural risks and development control in Europe: institutional structures, steps towards risk management and actors." Bulletin de l'Association de géographes français. 2004.

VEYRET, Y; REGHEZZA, M. "Hazards and Risks in Geographical Analysis". Anais de Minas. Vol.40. 2005.

VEYRET, Y; REGHEZZA-ZITT, M. "The Emergence of Risk in Geography". Cahiers nantais 64.1 (2005): 3-9.

YAMORI, K. Disaster risk sense in Japan and gaming approach to risk communication. International Journal of Mass Emergencies & Disasters, 2007, 25.2: 101-131. https://doi.org/10.1177/028072700702500201

Downloads

Publicado

2025-02-10

Como Citar

Mesquita, A. A., do Vale Moreira, J. G., de Oliveira Franco, A., & Perea Serrano, R. O. (2025). “A SOCIEDADE DO RISCO”: : CONSIDERAÇÕES SOBRE O RISCO E A SUA GESTÃO À LUZ DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA . UÁQUIRI - Revista Do Programa De Pós Graduação Em Geografia Da Universidade Federal Do Acre, 6(2). Recuperado de https://periodicos.ufac.br/index.php/Uaquiri/article/view/7684

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)