Versões discursivas da Amazônia
entre a “ficção e o real” na obra “À margem da história”, de Euclides da Cunha
DOI:
https://doi.org/10.29327/216341.4.1-9Palavras-chave:
Amazônias, Discurso, Euclides da CunhaResumo
Este trabalho objetiva tecer algumas reflexões sobre a obra À margem da história, de Euclides da Cunha. A chamada literatura de expressão amazônica, literatura pródiga em produção, construiu inúmeras versões, olhares disformes, escritas multifacetadas sobre as “Amazônias”; algumas, sem se dar conta de que essa “hiléia” não é um “lugar natural”, unívoco, homogêneo, um ente a priori, mas, passa pelas mutações de olhares e versões, como produto de estratégias, práticas discursivas e relações de poder, objetivando criar certas imagens identitárias nos trópicos. A base teórica que referencia as análises dos textos é a perspectiva
foucaultiana, contudo, sem perder de vista o diálogo com outros autores como Hall, Certeau, Orlandi, Said. A tese principal com a qual buscamos dialogar é que a “Amazônia”, enquanto signo produzido pelo discurso e pela linguagem, não pode ser acessado na sua “essência” como “realidade”, mas narrativa produzida nas interfaces dos sentidos, uma ficção.
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