200 anos em um país distante e desigual

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29327/210932.10.2-2

Palavras-chave:

Independência do Brasil, Regionalismo, Ressentimento

Resumo

O artigo revisa o debate historiográfico brasileiro relacionado ao tema da Independência do Brasil no âmbito do Grão-Pará, destacando os limites das abordagens fincadas na ideia da passividade do processo e da “adesão” daquela região ao Império do Brasil. Manuseando registros oficiais de época, fontes consulares, literárias e periodistas, além de larga gama de estudos históricos produzidos tanto no contexto da Amazônia quanto de outras regiões do Brasil, a análise adotada caminha para o registro do processo de emancipação política brasileiro nas “Províncias do Norte” como desastroso e violento, gerando na região recalques e ressentimentos que, já naquela ocasião, traduziam uma forma de relacionamento desigual e hierárquico entre nação e região que, perdurando no tempo, assimilava a Amazônia pelo viés da subalternidade, como fosse região conquistada, num mal disfarçado colonialismo interno que é preciso denunciar e romper.

Biografia do Autor

Luís Balkar Sá Peixoto Pinheiro, Universidade Federal do Amazonas, Departamento de História, Amazonas-Brasil

Professor Titular da Universidade Federal do Amazonas. Doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1998), com Estágio Pós-Doutoral na mesma instituição (2018). Coordena o Laboratório de Hiistória da Imprensa na Amazônia. Atua na área de História Social do Trabalho.

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Publicado

2022-12-12

Como Citar

Pinheiro, L. B. S. P. (2022). 200 anos em um país distante e desigual. Muiraquitã: Revista De Letras E Humanidades, 10(2). https://doi.org/10.29327/210932.10.2-2