Relações cronotópicas na constituição da Competência V do Exame Nacional do Ensino Médio
Palavras-chave:
ENEM, Competência V, Relações cronotópicasResumo
Elaborado na década de 1990 e ampliado a partir dos anos 2000, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) tornou-se um objeto muito valorado em nossa sociedade, pois permite aos alunos concluintes do Ensino Médio (EM) terem acesso ao Ensino Superior, considerando que muitas universidades têm utilizado o seu resultado como forma de ingresso. Dentre os elementos do exame, a prova de redação tem recebido uma atenção especial, pois a nota da redação compõe uma parcela significativa da nota final do candidato. Dentre as competências avaliadas na redação, nossa atenção volta-se especificamente para a Competência V, que diz respeito à elaboração da proposta de intervenção social. Essa escolha se justifica pelo fato de que, como professora-pesquisadora, percebemos que esse é um dos critérios que os alunos mais têm dificuldades, bem como é a competência que mais interfere na nota final, haja vista que o desempenho nela é, em boa medida, abaixo do esperado. O nosso objetivo é analisar as relações cronotópicas evidenciadas na constituição da Competência V, a partir das orientações da Cartilha do Participante, estabelecendo relações com o contexto social e político das décadas de 1990 e 2000, período que marcou a criação e ampliação dessa avaliação. Esta pesquisa, do tipo qualitativo-interpretativista e de análise documental, sustenta-se nas discussões da Teoria Dialógica de Linguagem, mobilizadas pelo Círculo de Bakhtin, além de se ancorar em pesquisadores brasileiros que discutem o ensino de Língua Portuguesa. Após analisarmos as orientações da Cartilha do Participante no que concerne à Competência V, constatamos que o documento estabelece relações dialógicas com discursos governamentais do protagonismo juvenil e com aqueles que fomentam o exercício da cidadania por parte dos jovens brasileiros, produzido sobretudo nas décadas de 1990 e 2000, em um contexto político marcado pelo neoliberalismo.
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