O LUGAR DA MULHER MIGRANTE DENTRO DO ESPAÇO BRASILEIRO
Palavras-chave:
Migração; Mulheres; Divisão sexual do trabalho.Resumo
O recorte histórico-temporal da migração é marcado pela invisibilidade da mulher no deslocamento que por muito tempo teve o homem como protagonista e a mulher era vista como agente secundário durante as trajetórias. O Estado brasileiro tem se deparado com a feminização da migração, momento em que as mulheres assumem o papel de protagonistas e constroem suas trajetórias independente da presença dos homens. Porém, somente as semelhanças entre as culturas e as línguas não são suficientes para ter o lugar- chegado como fator de realização, o desejo de migrar em busca de novas oportunidades pode inserir as mulheres em uma irrealização marcada por preconceitos e dificuldades impostas pela divisão sexual do trabalho. A metodologia deste trabalho está fundamentada nos estudos de Sayad(1998), Handerson (2015), Martins (2019), Bertoldo (2018) e em outros autores que discutem o uso espaço pelo migrante e de como as mulheres se instalam dentro deste lugar. Por sua vez, o presente escrito teve o objetivo de analisar como a discussão do gênero distingue a migração entre os homens e as mulheres e como as desigualdades afetam a trajetória e permanência das imigrantes no Brasil. Ao final constatou-se que durante a trajetória as imigrantes não sofrem só pelos estereótipos de gênero, mas as mulheres encontram-se mais vulneráveis aos preconceitos raciais e identitários no país-receptor. Além disso, o mercado de trabalho que mais insere as mulheres imigrantes, no Brasil, é segmentado às atividades tipicamente femininas, acompanhada das condições de precarização e vulnerabilidade que a elas são colocadas.
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