LIVRO DIDÁTICO: AS PRÁTICAS DE LEITURA E A NECESSIDADE DE ADAPTAÇÃO DA CULTURA DOS LIVROS DE PAPEL À NOVA CULTURA DIGITAL

Autores

  • Lauro Roberto Lostada Universidade Federal de Santa Catarina
  • Hélio Camilo Rosa Universidade Federal do Acre

Resumo

Nos últimos anos surgiram muitos estudos em torno do livro didático, centrados em discussões diversas no que concerne a história, produção, análises pedagógicas dos conteúdos, etc. Esse trabalho toma esses estudos como ponto de partida, tratando das vantagens e desvantagens do programa governamental de distribuição dos livros didáticos, enquanto suporte educacional para professores e alunos. O que se percebe, entretanto, deste quadro, é o estabelecimento de uma “indústria editorial” que permanece forte em torno do Plano Nacional do Livro Didático, PNLD, do Ministério da Educação. Segundo os dados estatísticos disponibilizados no site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o governo gastou o equivalente a R$ 1.330.150.337,36 no ano de 2014 no controle de qualidade, aquisição e distribuição de 140.681.994 livros para o PNLD 2015, resultando no total de 28.919.143 alunos beneficiados. Apesar do enorme investimento, os livros não chegam de forma adequada em muitas escolas, principalmente nas regiões interioranas do país, enquanto que nas escolas dos grandes centros urbanos sobram livros. É importante ressaltar ainda que, apesar do montante, a cada três anos todos os livros são substituídos, o que leva a uma importante questão: livro pode ter prazo de validade? Ainda neste sentido, compararam-se os livros didáticos da disciplina de filosofia de vários autores vinculados a três grandes companhias editoriais, e o que se percebeu é que mudaram apenas a capa e algumas imagens no interior dos mesmos, sua arte gráfica, por assim dizer, mas os textos continuam iguais aos do ano anterior, reafirmando a dúvida: que sentido faz substituir os livros didáticos? Nesse sentido, o trabalho parte do entendimento que o PNLD, da forma com a qual é praticado atualmente, contribui para o desperdício do dinheiro público e enriquecimento de determinadas editoras que disputam interesses financeiros em torno do lucrativo mercado editorial. O objetivo deste texto, segundo as bases teóricas da TAR (teoria ator-rede), é, a partir dos novos dispositivos de leitura, fazer uma discussão sobre a visão instrumental dos artefatos tecnológicos contemporâneos, questionando sua visão como ferramenta, e trazendo ao debate questões como a materialidade, a mobilidade, a originalidade e a cópia. Assim, constrói-se neste trabalho uma análise sobre as práticas de leitura e a necessidade de adaptação da cultura dos livros de papel à nova cultura digital.

Biografia do Autor

Lauro Roberto Lostada, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutorando em Educação (UFSC), Mestre em Educação (UFSC), Especialista em Mídias na Educação (FURG), Especialista em Práticas Pedagógicas Interdisciplinares (FACVEST), Filósofo (UFSC).

Hélio Camilo Rosa, Universidade Federal do Acre

Filósofo (UFSJ). Mestre em História (UDESC). Especialista em História de Minas (UFSJ) – Professor no Colégio de Aplicação . UFAC.

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Publicado

2017-07-17

Como Citar

Lostada, L. R., & Rosa, H. C. (2017). LIVRO DIDÁTICO: AS PRÁTICAS DE LEITURA E A NECESSIDADE DE ADAPTAÇÃO DA CULTURA DOS LIVROS DE PAPEL À NOVA CULTURA DIGITAL. South American Journal of Basic Education, Technical and Technological, 4(1). Recuperado de https://periodicos.ufac.br/index.php/SAJEBTT/article/view/1057

Edição

Seção

Artigos Originais Ciências Sociais Aplicadas

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