CULTURA POPULAR NEGRA: DECOLONIALIDADE NO RAP E EM PRODUÇÕES AUDIOVISUAIS
Palabras clave:
Raça, Decolonialidade, Cultura pop, Rap, AudiovisualResumen
O objetivo deste artigo é identificar o discurso decolonial na cultura pop através do rap e de séries e filmes que tematizam as questões raciais. Compreendendo os processos históricos como um campo de disputas e de reposicionamentos, buscamos nas produções da “cultura popular negra” elementos que identifiquem as experiências concretas de negros e negras, para perceber como os deslocamentos das estruturas de poder acontecem através das práticas culturais. Metodologicamente, serão realizadas análises de discurso de letras de rap de três diferentes artistas: os rappers BK’, Emicida e Kendrick Lamar; assim como de produções audiovisuais dirigidas e protagonizadas por negros: o filme Pantera Negra e as séries Atlanta e Insecure. Trabalham-se as ideias de modernidade, raça, linguagem e descolonização com base nas considerações de Paul Gilroy (2001), Stuart Hall (2003), Achille Mbembe (2018), Frantz Fanon (2008) e Grada Kilomba (2019), entre outros. Utilizando a crítica da colonialidade e os “estudos culturais”, compreendemos a arte como narrativa da experiência do povo negro, trazendo a historicidade de sujeitos invisibilizados pelas narrativas hegemônicas e reconhecendo suas potencialidades, linguagens, corporeidades, estéticas e expressividades, sobretudo através da cultura. Como resultado, concluímos que racializar questões cotidianas e trazê-las para a produção cultural é fundamental, pois as práticas artísticas refletem as relações raciais de seu tempo e buscam se conectar com pessoas que passam pelas mesmas situações, criando uma rede de construções identitárias em torno dessa cultura.
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