TINTA BRUTA: A ARTE QUEER DO FRACASSO E A LUZ DOS VAGA-LUMES NO CINEMA

Autores/as

  • Regiane Collares Ufca/professora
  • Luis Celestino de França Júnior Universidade Federal do Cariri (UFCA)

Palabras clave:

Queer; Cinema; Gênero; Fracasso; Cultura Pop

Resumen

O artigo apresenta uma reflexão sobre o filme Tinta Bruta (2017), ganhador do Teddy Award de 2018, principal prêmio cinematográfico LGBTQ, dos diretores brasileiros Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, buscando tematizar a partir deste filme as perspectivas de gênero assentadas em lugares comuns, em estereótipos gloriosos e objetos de identificação. Procuraremos abordar também de que modo a cultura pop, historicamente vinculada ao marketing, à publicidade, ao entretenimento, enfim, aos produtos artísticos que visam o grande público, pode abrigar discussões ligadas aos corpos dissidentes, inadaptáveis, fracassados, inadequados, ou seja, àqueles que traçam seu caminho negativamente fora da curva das premissas triunfantes do cenário cultural. É na dimensão de uma arte queer do fracasso, designação cunhada pelo autor transgênero Jack Halberstam, que identificamos o filme Tinta Bruta, pois, além de se tratar genuinamente de uma história de fracasso, o roteiro livra o público a partir do drama pessoal do protagonista de cair em uma visão derrotista da vida devido aos reveses e infortúnios apresentados ao longo desta produção cinematográfica. Tinta Bruta, tal como as luzes dos vaga-lumes identificadas por Didi-Huberman nos filmes de Pasolini, nos remete a existências mínimas que emanam uma luz evanescente de possibilidades inventivas, da descoberta de uma potência política a partir de modos de vida que escapam da captura das lógicas do consumo e dos ditames do sucesso a qualquer preço.

Citas

BUTLER, J. Corpos que importam – Os limites do verdadeiro “sexo”.Tradução: Veronica Daminelli e Daniel Yago Françoli. São Paulo: N-1 edições, 2019.
DIDI-HUBERMAN, G. Sobrevivência dos vaga-lumes. Tradução: Consuelo Salomé. Belo Horizente: Editora UFMG, 2011.
HALBERSTAM, J. A arte queer do fracasso. Tradução: Bhuvi Libanio; Prefácio Denilson Lopes. Recife: Cepe Editora, 2020.
LAPUJADE, D. As Existências Mínimas. Tradução: Hortencia Santos Lencastre.. São Paulo: N-1 edições, 2017.
MATZEMBACHER, F e REOLON, M. 'Tinta Bruta', o filme brasileiro que ganhou o principal prêmio do cinema LGBT do Mundo. Entrevista ao site huffpostbrasil.com. Disponível em: https://www.huffpostbrasil.com/2018/12/08/tinta-bruta-diretores-analisam-filme-que-ganhou-principal-premio-lgbt-do-mundo_a_23609499/. 12/08/2018. Acesso em 16/06/2020.
PASOLINI, P.P. Escritos Corsários. Tradução: Maria Betânia Amoroso. São Paulo: Editora 34, 2020.
PASOLINI, P. P. La sequenza del fiore di carta. Direção e Roteiro: Pier Paolo Pasolini. Fotografia: Giuseppe Ruzzolini. Elenco: Ninetto Davoli, Rochelle Barbieri. Ano de Produção: 1968. Cores. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=TIIMeu9oFIc. Acesso em 16/06/2020
VIDARTE, P. Ética bixa. Proclamações Libertárias para Militância LGBTQ. Tradução: Pablo Cardellino Soto e Maria Selenir Nunes do Santos. São Paulo: N-1 Edições, 2020.

Publicado

2020-11-09

Cómo citar

Collares, R., & Celestino de França Júnior, L. (2020). TINTA BRUTA: A ARTE QUEER DO FRACASSO E A LUZ DOS VAGA-LUMES NO CINEMA . TROPOS: COMUNICAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA (ISSN: 2358-212X), 9(2). Recuperado a partir de https://periodicos.ufac.br/index.php/tropos/article/view/3866

Número

Sección

Dossiê - Potências políticas do pop: gênero e ativismo na cultura pop