OS SENTIDOS DO VÉU NO ATIVISMO ONLINE DO MOVIMENTO MY STEALTHY FREEDOM
Keywords:
Hijab; Gender; Facebook; My Stealthy Freedom; Communication.Abstract
O movimento iraniano My Stealthy Freedom atua por meio de uma página de Facebook, colocando-se contra a lei do uso compulsório do véu no Irã desde maio de 2014. É a partir da materialidade dos seus protestos (que consistem no compartilhamento de autorretratos e vídeos que as ativistas fazem de si sem o hijab, muitas em espaços públicos do país), que apresentamos neste artigo uma reflexão sobre esses grupamentos enunciativos. Neste sentido, o trabalho tem por objetivo apontar, descrever e tensionar, utilizando-se de aspectos da Arqueogenealogia de Michel Foucault (1995; 1985), os discursos a respeito do véu que atravessam e são propagados pelo movimento em suas manifestações online. A partir disso, evidenciamos em nossas análises o sentido de aprisionamento e também o foco no hijab como temática central de My Stealthy Freedom, promovendo reflexões acerca do véu como meio (uma tecnologia que expressa códigos culturais) e os diversos sentidos a ele atribuídos no presente e ao longo da história, como a modéstia corânica, a classicação pré-islâmica de mulheres e a opressão a olhos ocidentais. Também refletimos sobre o desenvolvimento de um movimento social que deseja o fim da obrigatoriedade do hijab (por isso, trava uma luta em um campo disciplinar, pois deseja mudar leis), mas que é possivelmente capturado por uma outra tecnologia, não disciplinar, mas de controle – o Facebook que, por sua vez, também é regido por seus próprios códigos.
References
AHMED, Leila. A Quiet Revolution. The veil’s resurgence, from the Middle East to America.New Haven & London: Yale University Press. 2011.
ALCORÃO. Português. Alcorão Sagrado. Versão portuguesa diretamente do árabe por Samir El Hayek. São Paulo: FAMBRAS, 2016, 18ª Edição.
ALINEJAD, Masih. Wind in my hair – My fight for freedom in moderd Iran. Nova Iorque, Hachette Book Group: 2018.
COMITÊ INVISÍVEL (coletivo). Aos nossos amigos – crise e insurreição. São Paulo: n-1 edições, 2016.
DERRIDA, Jacques. Posições. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
EL GUINDII, Fadwa. Veil - Modesty, Privacy and Resistance. New York: Oxford, 1999.
FACEBOOK. My Stealthy Freedom. Disponível em:<fb.com/stealthyfreedom>. Acesso em 20 de dez. de 2020.
FARIS, David M. Architectures of Control and Mobilization in Egypt and Iran. In: FARIS; RAHIMI. Social media in Iran: politics and society after 2009. Albany: State University of New York Press, 2015.
FERREIRA, Francirosy Campos Barbosa. Diálogos sobre o uso do véu (hijab): empoderamento, identidade e religiosidade. Perspectivas, São Paulo, v. 43, p. 183-198, 2013.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. 4ªedição, Forense Universitária, 1995. FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso. São Paulo: Edições Loyola, 1996.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: Vontade de Saber. Rio de Janeiro, Edições Graal, 1985.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Editora Vozes, 2009.
GHEYTANCHI, Elham. Gender Roles in the Social Media World of Iranian Women. In: FARIS; RAHIMI. Social media in Iran: politics and society after 2009. Albany: State University of New York Press, 2015
KOO, Gi Yeon. To be Myself and have My Stealthy Freedom: The Iranian Women’s Engagement with Social Media. Revista de estudios internacionales mediterráneos, n. 21, 2016.
MORETÃO, Amanda S. Entre a Modernidade e a Tradição: Empoderamento feminino no Irã e na Turquia. Jundiaí: Paco Editorial, 2016.
PARISER, Eli. O filtro invisível: o que a internet está escondendo de você. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade. Vol. 20 (2), jul/dez. 1995.
TUFEKCI, Zeynep. Twitter and Tear Gas:The power and fragility of networked protest.New Haven & London: Yale University Press, 2017.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Transferência de direitos autorais:
Declaro que após aprovado para publicação a Revista Tropos editada pela Universidade Federal do Acre (UFAC), passará a ter os direitos autorais do trabalho, que se tornarão propriedade exclusiva da Revista, sendo permitida a reprodução total ou parcial desde que devidamente referenciada.