DA GÊNESE AO DESENVOLVIMENTO DE UM FATO CIENTÍFICO: ENTRE INSETOS E INSETICIDAS

Autores

  • Vinícius Carvalho da Silva UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Palavras-chave:

Fatos científicos, controvérsias, Aedes Aegypti, zica vírus, microcefalia

Resumo

Neste trabalho analisamos como o aedes aegypti chegou a ser considerado o principal vetor do zika vírus no recente surto no nordeste brasileiro, e por sua vez, como o zika vírus chegou a ser considerado como “causa” do surto de microcefalia registrado na mesma região, apesar da controvérsia envolvendo hipóteses divergentes, como àquela que sugeria que a microcefalia seria decorrente da exposição aos inseticidas utilizados no combate às larvas do mosquito. Para tanto, primeiro, buscaremos fazer uma breve análise da história do aedes aegypti, e em paralelo, apontamentos sobre a história e geografia do zika vírus. Por último buscaremos relembrar as incertezas e controvérsias acerca da relação entre zica vírus e microcefalia. Quais seriam as origens das controvérsias em torno de uma possível correlação entre a utilização de agroquímicos e microcefalia? Como os fatos científicos relativos a tais temas foram produzidos?

Biografia do Autor

Vinícius Carvalho da Silva, UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Doutorando e Mestre em Filosofia da Ciência e Teoria do Conhecimento pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mestrando em História da Ciência e da Saúde pelo COC-Fiocruz. Professor da Faculdade Messiânica e pesquisador do IECTS, Instituto de Estudos Conceituais e Sociais de Ciência, Tecnologia e Sociedade. 

Referências

ABRASCO. Nota técnica sobre microcefalia e doenças vetoriais relacionadas ao aedes aegypti: os perigos das abordagens com larvicidas e nebulizações químicas “fumacê”. Disponível em:
<https://www.abrasco.org.br/site/2016/02/nota-tecnica-sobre-microcefalia-e-doencas-vetoriais-relacionadas-ao-aedes-aegypti-os-perigos-das-abordagens-com-larvicidas-e-nebulizacoes-quimicas-fumace/>. Acesso em 20 fev. 2017.
_________. Nem fumacê, nem larvicida. Disponível em: <https://www.abrasco.org.br/site/2016/03/nem-fumace-nem-larvicida-quimico-coragem-e-saneamento-contra-o-mosquito-por-fernando-carneiro/>. Acesso em 20 fev. 2017.
AGÊNCIA BRASIL. Abrasco nega ter relacionado larvicida pyriproxifen e casos de microcefalia. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-02/abrasco-nega-ter-relacionado-larvicida-pyriproxifen-casos-de-microcefalia>. Acesso em 20 fev. 2017.
_________. RS suspende larvicida pyriproxifen usado em caixas d’água para combater aedes. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-02/rs-suspende-larvicida-pyriproxyfen-usado-em-caixas-dagua-para-combater-aedes>. Acesso em 20 fev. 2017.
ARISTÓTELES. História dos Animais. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2006.
BENCHIMOL, JL. Mosquitos, doenças e ambientes em perspectiva histórica. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, julho 2011.
BENCHIMOL, JL.; SÁ, MR., (eds/orgs). Adolpho Lutz: Febre amarela, malária e protozoologia = Yellow fever, malaria and protozoology. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005. 956 p. Adolpho Lutz Obra Completa, v.2, book 1.
BRASIL GOV. Boatos que negam relação entre zika e aedes atrapalham o combate ao mosquito. Disponível em: <www.brasil.gov.br/saude/2016/02/boatos-que-negam-relacao-entre-zika-e-aedes-atrapalham-combate-ao-mosquito>. Acesso em 20 fev. 2017.
BUTLER, D. Zika virus: Brazil's surge in small-headed babies questioned by report. Nature News. Jan 28, 2016.
CAMARGO JR., K.R. de. Zika, microcefalia, ciência e Saúde Coletiva. Physis, v. 26, n. 1, p. 9-10, Mar. 2016 .
CAPONI, S. La generación espontânea y la preocupación higienista por la diseminación de los gérmenes. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, vol. 9(3): 591-608, set.-dez.2002.
CHRISTOPHES, R. Aëdes aegypti: The yelow fever mosquito: Its life history, bionomics and structure. New York: Cambridge University Press, 1960.
DICK, G.W.A.; KITCHEN, S.F.; HADDOW, A.J. Zika Virus (I). Isolations and serological specificity. TRANSACTIONS OF THE ROYAL SOCIETY OF TROPICAL MEDICINE AND HYGIENE. Vol. 46. No. 5. September, 1952. pp. 509-520.
FIOCRUZ. O mosquito Aedes aegypti faz parte da história e vem se espalhando pelo mundo desde o período das colonizações. Disponível em: <http://www.ioc.fiocruz.br/dengue/textos/longatraje.html>. Acesso em 20 fev. 2017.
FLECK, L. Gênese e desenvolvimento de um fato científico. George Otte e Mariana Camilo de Oliveira (Trad’s). Belo Horizonte: Fabrefactum, 2010.
HACKING, I. Representar e Intervir: tópicos introdutórios de filosofia da ciência natural. Rio de Janeiro: Eduerj. 2012.
HALLMAN, A.; BOND, C.; BUHL, K.; STONE, D. 2015. Pyriproxyfen General Fact Sheet; National Pesticide Information Center, Oregon State University Extension Services. Disponível em: <http://npic.orst.edu/factsheets/pyriprogen.html>. Acesso em 25 fev. 2017.
HAMILTON; AZEVEDO. A febre amarela no Brasil: memórias de um médico da Fundação Rockefeller. História, Ciências, Saúde – Manguinhos. VV(3) nov.fev. 1999
JV PAI-DHUNGAT; FALGUNI PARIKHh. Carlos Juan Finlay (1833-1915).Journal of the association of physicians of Índia. Vol 63. March, 2015.
LATOUR, B; WOOLGAR, S. Vida de Laboratório: A produção de Fatos Científicos. Angela Ramalho Vianna (Trad.). Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997.
LOWY, Ilana. Zika and Microcephaly: can we learn from history?. Physis, Rio de Janeiro , v. 26, n. 1, p. 11-21, Mar. 2016
LUZ, GK.; SANTOS, GI. V.;VIEIRA, RM. Febre pelo vírus Zika. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(4):785-788, out-dez 2015
MAI CT; KUCIK, JE, ISENBURGJ, et al. Selected Birth Defects Data from Population-Based Birth Defects Surveillance Programs in the United States, 2006 to 2010: Featuring Trisomy Conditions. Birth defects research Part A, Clinical and molecular teratology. 2013;97(11):709-725. doi:10.1002/bdra.23198.
MACCHIAVERNI LML & BARROS FILHO AA. Perímetro cefálico: Por que medir sempre. Medicina, Ribeirão Preto, 31: 595-609, out./dez. 1998.
MARCHETTE, N.J.; GARCIA, R.; RUDNIK, A. Isolation of Zika Virus from Aedes Aegypti Mosquitoes in Malaysia. Journal of the American Society of Tropical Medicine and Hygiene. 1969.vol. 18 no. 3 411-415.
MENDONÇA. A.O; CAMARGO JR, K, R. O complexo médico-industrial no contexto da comoditização da ciência: relativizando o relativismo. Revista Brasileira de Ciência, Tecnologia e Sociedade, Vol. 2, No 2 (2011)
OLIVEIRA, C,S; VASCONCELOS, P,F,C. Microcefalia e vírus zika. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre , v. 92, n. 2, p. 103-105, Apr. 2016 .
PORTAL SAÚDE. Perguntas e Respostas; Zika. http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/perguntas-e-respostas-zika
pyriprogen.html. Acesso em 20 fev. 2017.
REDUAS. Report from physicians in the crop sprayed town regarding dengue zika microcephaly and massive spraying with chemical poisons. Disponível em: <http://www.reduas.com.ar/report-from-physicians-in-the-crop-sprayed-town-regarding-dengue-zika-microcephaly-and-massive-spraying-with-chemical-poisons>. Acesso em 20 fev. 2017.
REIS, V,M; VIDEIRA, A,A,P. John Ziman e a ciência pós-acadêmica: consensibilidade, consensualidade e confiabilidade. Sci. stud., São Paulo , v. 11, n. 3, p. 583-611, 2013 .
RODRIGUES, C. A cidade e a morte: a febre amarela e seu impacto sobre os costumes fúnebres no Rio de Janeiro (1849-50). História, Ciências, Saúde – Manguinhos, VI(1): 53-80, mar.-jun. 1990.
SILVA, V. C. As distorções do jornalismo científico. Observatório da Imprensa. Ano 19 - nº871. Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em-questao/as-distorcoes-do-jornalismo-cientifico/>. Acesso: 27 fev. 2017.
__________. Entre a pesquisa fundamental e a pesquisa aplicada: Qual o valor da Ciência? . Rio de Janeiro: ESOCITE 15, 2015. Disponível em: <http://www.rio2015.esocite.org/resources/anais/5/1442022400_ARQUIVO_ViniciusEntreapesquisafundamentaleapesquisaaplicadaQualovalordaCiencia.pdf>. Acesso: 27 fev. 2017.

Downloads

Publicado

2020-06-10

Como Citar

da Silva, V. C. (2020). DA GÊNESE AO DESENVOLVIMENTO DE UM FATO CIENTÍFICO: ENTRE INSETOS E INSETICIDAS. South American Journal of Basic Education, Technical and Technological, 7(1), 458–475. Recuperado de https://periodicos.ufac.br/index.php/SAJEBTT/article/view/3150

Edição

Seção

Ciências Humanas