CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO DA REVISTA TROPOS 2020

2020-02-01

Quando Joan Scott nos diz que o gênero é um campo primário através do qual relações de poder são articuladas, podemos entender, em outras palavras, que todas as coisas do mundo, simbólico e físico, são atravessadas pelo gênero. O conceito “gênero”, dessa concepção, vem sendo colocado em importantes espaços de reflexão nas ciências humanas e sociais. Os estudos queer, através do debate sobre performatividade de gênero, proposta por Judith Butler, aproximou gênero da sexualidade, mostrando como os desvios daquilo que foi dado culturalmente como masculino e feminino em uma lógica heterossexual geram punições e precariedades. Estudiosas e ativistas do feminismo negro e interseccional (Angela Davis,  Patricia Hill Collins, bell hooks, Grada Kilomba, Djamila Ribeiro, Carla Akotirene) têm nos mostrado como gênero é indissociável de outros marcadores, como raça e classe, e também colocado em urgência a construção de saberes decoloniais.

Uma emancipação das relações de poder que geram desigualdades e precariedades para mulheres, LGBTQs e pessoas negras perpassa, através dessas leituras, a construção de uma sociedade capaz de romper com ideais capitalistas e neoliberais. Como, então, a cultura pop, forjada por relações econômicas estadunidenses, produzida pela mutação da comunicação em marketing,  voltada ao consumo e visando ao alto retorno financeiro tem acionado questões de gênero? Michel Foucault inferiu que “onde há poder, há resistência”. Assim, quando o pop é poder? E pode o pop ser resistência? Quais as limitações e potencialidades desse lugar para construções, desconstruções e tensionamentos das perspectivas de gênero? E, ainda, nesse cenário diverso, quais corpos, de fato,importam?

Tendo em vista as possíveis contradições, tensões, disputas e resistências ao analisarmos gênero em intersecção com outros marcadores na cultura pop (entendendo como possíveis objetos da cultura pop: as celebridades, a música pop, os filmes e as séries, a cultura nerd, os games, as histórias em quadrinhos, as superaventuras, a ficção científica, a literatura, os memes, os fãs, as telenovelas, etc.), o dossiê tem o propósito de  reunir artigos que abordem as seguintes temáticas:

- Representatividade na cultura pop;

- Feminismos e cultura pop;

- Raça e cultura pop;

- LGBTQs e cultura pop;

- Estudos queer e cultura pop;

- Decolonialidade e colonialidade na cultura pop;

- Masculinidades e cultura pop;

- Desigualdades e cultura pop;

- Ativismos, artivismos e cultura pop;

- Ativismos de fãs.

Quaisquer questões podem ser dirigidas aos editores através do e-mail oficial deste dossiê: generoeculturapop@gmail.com