“PRETO DANÇA TANTO, AINDA MAIS PRETO E VIADO”: APONTAMENTOS SOBRE GÊNERO E RAÇA EM SUPER DRAGS

Autores/as

  • Gabriel Marchetto Universidade Federal de Mato Grosso

Palabras clave:

raça, gênero, discriminação, teorias queer, super drags

Resumen

Este trabalho objetiva realizar apontamentos sobre a ocorrência de discriminação racial e de gênero em trechos selecionados do quarto episódio da série de animação brasileira Super Drags. Em tempos de conservadorismo acentuado no Brasil, este trabalho se justifica pela criação e exibição de uma série brasileira que aborde as temáticas de gênero, raça e seus diversos desdobramentos, a qual se destaca por ser a primeira série de animação produzida no Brasil abordando tais assuntos de maneira cômica, irônica e acurada. Este estudo qualitativo interpretativista (ERICKSON, 1990; MOITA LOPES, 1994) se insere no âmbito da linguística aplicada indisciplinar (MOITA LOPES, 2006) ao utilizar arcabouço teórico transdisciplinar das teorias queer (BUTLER, 1990; SALIH, 2017; MISKOLCI, 2012) e teorizações sobre questões de raça, discriminação racial e de gênero (BARNARD, 2004; CRENSHAW, 2003; GUIMARÃES, 2003). Para a proposta interpretativista, a linguagem é o fator determinante para a compreensão do fato social e das várias subjetividades dos sujeitos pesquisados. A proposta queer de pensamento visa o questionamento das categorizações binárias em busca da transformação social. O trabalho com o conceito de raça nas teorias queer é de suma importância, pois raça e gênero não podem ser desassociados como se fossem instâncias separadas da subjetividade humana. As personagens da série sofrem discriminação racial e de gênero em diversos momentos da narrativa e o racismo presente no seriado não deve ser tratado como uma questão de menor importância, mas deve ser denunciado, questionado e combatido.

Citas

BARNARD, Ian. Queer race: cultural interventions in the racial politics of queer theory. New York: Peter Lang, 2004.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 15ª ed. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1990.

CRENSHAW, Kimberle. A intersecionalidade na discriminação de Raça e Gênero. Cruzamento: raça e gênero. Brasília: Unifem, 2004.

ERICKSON, Frederick. Qualitative methods. In: LINN, Robert L.; ERICKSON, Frederick (org.). Quantitative methods. New York: Macmillan, 1990. v. 2.

GUIMARAES, Antonio Sérgio Alfredo. Como trabalhar com “raça” em sociologia. Educação e Pesquisa. São Paulo. V. 29. N. 1, p. 93-107, 2003.

MISKOLCI, Richard. Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças. 3º ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

MOITA LOPES, Luiz Paulo da. Da Aplicação de Linguística à Linguística Aplicada Indisciplinar. In: MOITA LOPES, L.P (org.). Por uma Linguística Aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006.

MOITA LOPES, Luiz Paulo da. Pesquisa Interpretativista em Linguística Aplicada: A Linguagem como condição e solução. São Paulo, D.E.L.T.A. Vol. 10, nº 2, p. 329-338, 1994.

SALIH, Sara. Judith Butler e a Teoria Queer. 4º ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

Publicado

2020-05-11

Cómo citar

Marchetto, G. (2020). “PRETO DANÇA TANTO, AINDA MAIS PRETO E VIADO”: APONTAMENTOS SOBRE GÊNERO E RAÇA EM SUPER DRAGS. TROPOS: COMUNICAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA (ISSN: 2358-212X), 9(1). Recuperado a partir de https://periodicos.ufac.br/index.php/tropos/article/view/3449

Número

Sección

Artigos