“A ESCRITA PERMITE O ACESSO AO SEGREDO?”: UMA REFLEXÃO SOBRE A INTER-RELAÇÃO ENTRE ORALIDADE E ESCRITA EM TERREIROS DE CANDOMBLÉ
Abstract
A proposta deste trabalho é fazer uma reflexão sobre a relação entre oralidade e escrita em terreiros de candomblé. Tendo em vista que, tradicionalmente, o candomblé, é conhecido como uma religião que constrói os seus fundamentos e desenvolve os seus “segredos” por meio da oralidade, analisamos em algumas etnografias de terreiros (CAPONE, 2009; CASTILLO, 2010; SANTOS, 1976) e em observações realizadas em um terreiro de candomblé em Rio Branco-AC, como esses espaços religiosos passaram a permitir que a escrita tivesse um papel importante em suas práticas, consentindo que o discurso oral, erigido em terreiros tradicionais de candomblé, dessem margem ao discurso escrito, mesmo que de maneira não igualitária à oralidade. Esta, ainda, se constitui como elemento fundamentalmente importante nos terreiros, já que “a voz” das mães-de-santo e dos pais-de-santo são portadores de axé (força sagrada). Além disso, abordaremos as adaptações produzidas pelos adeptos do candomblé mais velhos para resguardar os segredos da religião, tendo que, quase forçosamente, atender a uma contemporaneidade que se mostra passiva e carente da cultura da escrita.
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