LEI E ORDEM: UNIDADE DE VÍTIMAS ESPECIAIS E REGIMES DE VISIBILIDADE ACERCA DO ESTUPRO NA CULTURA POP

Autores

  • Karina Gomes Barbosa Ufop

Palavras-chave:

crítica feminista, estupro, regimes de visibilidade, SVU, Mariska Hargitay, Eu sou a evidência

Resumo

Neste artigo, busco refletir acerca do lugar político ocupado pelo produto seriado Lei e ordem: unidade de vítimas especiais no enquadramento do estupro a partir da produção de regimes de visibilidade, acionando o próprio seriado e outros discursos que ele enseja, a partir da abordagem da crítica feminista (LAURETIS, 1984) sobre as condições de possibilidade das mulheres no audiovisual. Para tal, interpelo uma estratégia narrativa do seriado, a figura da revelação do estupro; e uma das estratégias temáticas do seriado, o ripped from the headlines/direto das manchetes. Além disso, posiciono SVU em diálogo com um contexto discursivo incitado pelo seriado durante as décadas em que está no ar, mais notadamente a partir de sua protagonista, Mariska Hargitay, que implica em uma posição política do/a partir do/com o seriado. Essas estratégias produzem uma pedagogia acerca do tema, assim como ressaltam a relevância do testemunho para as sobreviventes. Ao mesmo tempo, colocam a série em uma posição instável em relação à politização do prazer (ANG, 1985), às pautas feministas e ao entretenimento.

Referências

... E o vento levou. Direção de Victor Fleming. Produção de David O. Selznick. Intérpretes: Vivien Leigh, Clark Gable, Olivia de Havilland, Leslie Howard, Hattie Mcdaniel. Roteiro: Sidney Howard. Música: Max Steiner. [s.i]: Selznick International Pictures, Metro-Goldwyn-Mayer, 1939. (245 min.), longa-metragem, son., cor. Legendado. Classificação indicativa: Livre.

ALVES, Ivia. As diversas representações das mulheres na década de noventa. In: ALVES, Ivia; ALMEIDA, Alvanita (orgs.). Mulheres em seriados: configurações. Salvador: EDUFBA,/NEIM/CNPq, 2015.

ANG, Ien. Watching Dallas. Soap opera and the melodramatic imagination. Londres e Nova York: Routledge, 1985.

BUCHWALD, Emilie; FLETCHER, Pamela; ROTH, Martha. Transforming a Rape Culture. Minneapolis: Milkweed Editions, 1993.

CERQUEIRA, D. et al. Atlas da Violência 2018. Rio de Janeiro: IPEA/Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2018. Disponível em: https://assets-dossies-ipg-v2.nyc3.digitaloceanspaces.com/sites/3/2018/06/IPEA_FBSP_AtlasdaViolencia2018Relatorio.pdf. Acesso em 25 mai. 2020.

CUKLANZ, Lisa M.; MOORTI, Sujata. Television's “new” feminism: prime-time representations of women and victimization. In: Critical Studies in Media Communication, Vol. 23, No. 4, October 2006, pp. 302-321.

DE LAURETIS, Teresa. Alice doesn’t. Feminism, semiotics, cinema. Londres e Basingstoke: Palgrave Macmillan, 1984.

EU SOU a evidência. Direção de Geeta Gandbhir e Trish Adlesic. Produção de Lauran Bromley, Myrna Bromley, Mariska Hargitay, Marc Levin, Regina K. Scully, Maile M. Zambuto. Intérpretes: Michelle Brettin Rachel Disselrachel Dissell, Mariska Hargitay, Helena Lazaro, Cy Vance, Kym Worthy. Música: Wendy Blackstone. [s.i.]: HBO Documentary Films, 2017. digital (89 min.), documentário, cor. Legendado. Classificação indicativa: 16 anos.

GAY, Roxane. Not that bad. Dispatches from rape culture. Sidney/Toronto: HarperCollins, 2018.

HARDING, Kate. Asking for it: the alarming rise of rape culture - and what we can do about it. Filadélfia: Capo Press, 2015.

HASKELL, Molly. From reverence to rape. The treatment of women in the movies. Chicago: The University of Chicago Press, 1974.

HASKELL, Molly. Frankly, my dear. Gone with the wind revisited. New Haven e Londres: Yale University Press, 2009.

HERNÁNDEZ, Isabel Ramos. Can television promote a more progressive definition of rape and help delegitimize it?: Rape in Law and Order: Special Victims Unit. 2016. 82 p. Tese - Sociology Department, Boston College, Boston, 2016.

HOWARD, Sidney. Gone with the wind: final shooting script. Final shooting script. 1939. Disponível em: http://www.dailyscript.com/scripts/Gone_With_the_Wind.pdf. Acesso em: 10 maio 2020.

HUST, Stacey. J. T.; MARETT, Emily Garrigues; LEI, Ming; REN, Chunbo; RAN, Weina. Law & Order, CSI, and NCIS: The Association Between Exposure to Crime Drama Franchises, Rape Myth Acceptance, and Sexual Consent Negotiation Among College Students. In: Journal of Health Communication, 20(12), 2015.

ITUASSU, Arthur. Hall, comunicação e a política do real. In: HALL, Stuart. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio/Apicuri, 2016.

LEI e Ordem: Special Victims Unit. Direção de Vários. Produção de Dick Wolf, Ted Kotcheff, Peter Jankowski, Michael Smith, Julie Martin, Jonathan Starch, Arthur W. Forney, Mariska Hargitay. Realização de Robert Palm, David J. Burke, Neal Baer, Warren Leight, Rick Eid, Michael S. Chernuchin. Intérpretes: Mariska Hargitay, Ice-t, Kelli Giddish, Peter Scanavino, Jamie Gray Hyder. Roteiro: Vários. Música: Mike Post. [s.i]: Wolf Films Studios USA, Universal Television, 1999-. (41 min. em média), série de TV, son., cor. Legendado. Série 480 epi. Classificação indicativa: 18 anos.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. In: Pro-Posições (Unicamp), v. 19 (2), p. 17-23, 2008.

LOURO, Guacira Lopes. O cinema como pedagogia. In: LOPES, Eliane Marta Teixeira; FILHO,S Luciano Mendes Faria; VEIGA, Cynthia Greive (orgs.). 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2003, p. 423-446.

MILLER, T. Christian; ARMSTRONG, Ken. Falsa acusação: uma história verdadeira. Rio de Janeiro: LeYa, 2018.

MITTELL, Jason. Complexidade narrativa na televisão americana contemporânea. In: Matrizes, 5(2), 29-52, 2012.

SEGATO, Rita Laura. Território, soberania e crimes de segundo Estado: a escritura nos corpos das mulheres de Ciudad Juarez. In: Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 13, n. 2, p. 265, jan. 2005. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X200500020004. Acesso em: 18 jun. 2020.

SELIGMANN-SILVA, Márcio. Narrar o trauma – a questão dos testemunhos de catástrofes
históricas. In: Psicologia clínica, vol. 15, n. 2. Rio de Janeiro, 2008.

SMITH, S. G.; CHEN, J.; BASILE, K. C.; GILBERT, L. K.; MERRICK, M. T.; PATEL, N.; WALLING, M.; JAIN, A. The National Intimate Partner and Sexual Violence Survey (NISVS): 2010-2012 State Report. Atlanta, GA: National Center for Injury Prevention and Control, Centers for Disease Control and Prevention, 2017. Disponível em: https://www.cdc.gov/violenceprevention/pdf/NISVS-StateReportBook.pdf. Acesso em 20 mai. 2020.

UNBELIEVABLE. Direção de Lisa Cholodenko, Michael Dinner, Susannah Grant. Produção de John Vohlers, T. Christian Miller, Ken Armstrong, Kate Dimento, Chris Leanza. Realização de Susannah, Grant Ayelet Waldman, Michael Chabon. Intérpretes: Kaitlyn Dever, Toni Collette, Merritt Wever. Roteiro: Vários. 2019. digital (45 min. em média), minissérie de TV, 4K, son., cor. Legendado. Série 8 epi. Disponível em: www.netflix.com. Acesso em: 1 nov. 2020. Classificação indicativa: 16 anos.

VENTURA, Isabel. Informar, culpar e estereotipar: imagens sobre vítimas e agressores/as a partir dos discursos da imprensa portuguesa. In: VENTURA, Isabel; FERREIRA, Virgínia. Atas do Seminário Internacional “Media e violência sexual: da investigação à comunicação”. 1a ed. Lisboa: APEM – Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres/Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, 2018.

Downloads

Publicado

2020-09-22

Como Citar

Gomes Barbosa, K. (2020). LEI E ORDEM: UNIDADE DE VÍTIMAS ESPECIAIS E REGIMES DE VISIBILIDADE ACERCA DO ESTUPRO NA CULTURA POP. TROPOS: COMUNICAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA (ISSN: 2358-212X), 9(2). Recuperado de https://periodicos.ufac.br/index.php/tropos/article/view/3966

Edição

Seção

Dossiê - Potências políticas do pop: gênero e ativismo na cultura pop