CULTURA POPULAR NEGRA: DECOLONIALIDADE NO RAP E EM PRODUÇÕES AUDIOVISUAIS

Autores

  • Gabriel Delphino Fernandes de Souza PPGCP-UFF
  • Thiago Campos da Silva PPGH-UFF
  • Fernando Rodrigues da Silva PPGA-UFF

Palavras-chave:

Raça, Decolonialidade, Cultura pop, Rap, Audiovisual

Resumo

O objetivo deste artigo é identificar o discurso decolonial na cultura pop através do rap e de séries e filmes que tematizam as questões raciais. Compreendendo os processos históricos como um campo de disputas e de reposicionamentos, buscamos nas produções da “cultura popular negra” elementos que identifiquem as experiências concretas de negros e negras, para perceber como os deslocamentos das estruturas de poder acontecem através das práticas culturais. Metodologicamente, serão realizadas análises de discurso de letras de rap de três diferentes artistas: os rappers BK’, Emicida e Kendrick Lamar; assim como de produções audiovisuais dirigidas e protagonizadas por negros: o filme Pantera Negra e as séries Atlanta e Insecure. Trabalham-se as ideias de modernidade, raça, linguagem e descolonização com base nas considerações de Paul Gilroy (2001), Stuart Hall (2003), Achille Mbembe (2018), Frantz Fanon (2008) e Grada Kilomba (2019), entre outros. Utilizando a crítica da colonialidade e os “estudos culturais”, compreendemos a arte como narrativa da experiência do povo negro, trazendo a historicidade de sujeitos invisibilizados pelas narrativas hegemônicas e reconhecendo suas potencialidades, linguagens, corporeidades, estéticas e expressividades, sobretudo através da cultura. Como resultado, concluímos que racializar questões cotidianas e trazê-las para a produção cultural é fundamental, pois as práticas artísticas refletem as relações raciais de seu tempo e buscam se conectar com pessoas que passam pelas mesmas situações, criando uma rede de construções identitárias em torno dessa cultura.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Thiago Campos da Silva, PPGH-UFF

Historiador pela UFRJ, mestrando em História na UFF.

Fernando Rodrigues da Silva, PPGA-UFF

Historiador pela UVA, mestrando em Antropologia na UFF

Referências

ATLANTA. FX Productions, MGMT Entertainment, Estados Unidos da América, 2016 – presente.
BERNARDINO-COSTA, Joaze; GROSFOGUEL, Ramón. Decolonialidade e perspectiva negra. In: Revista Sociedade e Estado, Brasília, vol. 31, nº 1, pp. 15-24, janeiro-abril, 2016.
BK’. Adeus. In: BK’. Antes dos Gigantes Chegarem: Pirâmide Perdida, 2017. 1 CD. Faixa 1.
___. Novo Poder. In: BK’. Gigantes: Pirâmide Perdida, 2018. 1 CD. Faixa 1.
___. Porcentos. In: BK’. Gigantes: Pirâmide Perdida, 2018. 1 CD. Faixa 2.
___. Vivos. In: BK’. Gigantes: Pirâmide Perdida, 2018. 1 CD. Faixa 8.
BLUES, Baco Exu do. Faixa Preta. In: OldMonkey: [s.n.], 2016. 1 EP. Faixa 3.
BOURDIEU, Pierre; WACQUANT, Loïc. Sobre as Artimanhas da Razão Imperialista. In: Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, vol. 24, nº 1, pp. 15-33, 2002.
BUTLER, Judith. Introdução. In: BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
CARNEIRO, Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. 340 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo.
COLAÇO, Thais Luzia. Novas perspectivas para a antropologia jurídica na América Latina: o direito e o pensamento decolonial. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2012.
DOMINGUES, Petrônio. Cultura popular: as construções de um conceito na produção historiográfica. In: História, São Paulo, vol. 30, nº 2, pp. 401-419, agosto-dezembro, 2011.
EMICIDA. Intro (é necessário voltar ao começo). In: Pra quem já Mordeu um Cachorro por Comida, até que eu Cheguei Longe…: Laboratório Fantasma, 2009. 1 CD. Faixa 1.
________. Hey, Rap!. In: Pra quem já Mordeu um Cachorro por Comida, até que eu Cheguei Longe…: Laboratório Fantasma, 2009. 1 CD. Faixa 21.
ELNIÑO, Thiago. Atlântico (Calunga Grande). In: Pedras, Flechas, Lanças, Espadas e Espelhos: [s.n.]. 2019. 1 CD. Faixa 1.
FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
_____________. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.
FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e Mudança Social. 2ª ed. Brasília: Editora UnB, 2019.
FOUCAULT, Michel. O poder e a norma. In: KATZ, Chaim Samuel (Org.). Psicanálise, poder e desejo. Rio de Janeiro: Ibrapsi, 1979.
GILROY, Paul. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
____________. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
INSECURE. 3 Arts Entertainment, Home Box Office (HBO), Estados Unidos da América, 2016 – presente.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação - episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
LAMAR, Kendrick. M.A.Ad city. In: Good kid, m.A.A.d city: Top Dawg/Aftermath/Interscope, 2012. 1 CD. Faixa 8.
__________________. Momma. In: To Pimp a Butterfly: Top Dawg/Aftermath/Interscope, 2015. 1 CD. Faixa 9.
MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. São Paulo: n-1 edições, 2018.
________________. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: n-1 edições, 2018.
MUNANGA, Kabengele. Negritude: usos e sentidos. São Paulo: Autêntica, 2009.
PANTERA Negra. Direção: Ryan Coogler, Produção: Kevin Feige. Marvel Studios, Estados Unidos da América, 2018.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. In: Educação & Realidade, Porto Alegre, vol. 20, nº 2, pp. 71-99, julho-dezembro, 1995.
SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro ou As vicissitudes da identidade do negro em ascensão social. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983.

Downloads

Publicado

2020-09-11

Como Citar

Delphino Fernandes de Souza, G., Campos da Silva, T. ., & Rodrigues da Silva, F. (2020). CULTURA POPULAR NEGRA: DECOLONIALIDADE NO RAP E EM PRODUÇÕES AUDIOVISUAIS. TROPOS: COMUNICAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA (ISSN: 2358-212X), 9(2). Recuperado de https://periodicos.ufac.br/index.php/tropos/article/view/3890

Edição

Seção

Artigos