“A ESCRITA PERMITE O ACESSO AO SEGREDO?”: UMA REFLEXÃO SOBRE A INTER-RELAÇÃO ENTRE ORALIDADE E ESCRITA EM TERREIROS DE CANDOMBLÉ
Resumo
A proposta deste trabalho é fazer uma reflexão sobre a relação entre oralidade e escrita em terreiros de candomblé. Tendo em vista que, tradicionalmente, o candomblé, é conhecido como uma religião que constrói os seus fundamentos e desenvolve os seus “segredos” por meio da oralidade, analisamos em algumas etnografias de terreiros (CAPONE, 2009; CASTILLO, 2010; SANTOS, 1976) e em observações realizadas em um terreiro de candomblé em Rio Branco-AC, como esses espaços religiosos passaram a permitir que a escrita tivesse um papel importante em suas práticas, consentindo que o discurso oral, erigido em terreiros tradicionais de candomblé, dessem margem ao discurso escrito, mesmo que de maneira não igualitária à oralidade. Esta, ainda, se constitui como elemento fundamentalmente importante nos terreiros, já que “a voz” das mães-de-santo e dos pais-de-santo são portadores de axé (força sagrada). Além disso, abordaremos as adaptações produzidas pelos adeptos do candomblé mais velhos para resguardar os segredos da religião, tendo que, quase forçosamente, atender a uma contemporaneidade que se mostra passiva e carente da cultura da escrita.
Referências
BRAGA, J. O tempo sagrado no candomblé. In. BACELAR, J. & PEREIRA, C. (Orgs) Vivaldo da Costa Lima: Intérprete do afro-Brasil. Salvador: Edufba/CEAO, 2007.
CASTILLO, L. E. Entre a oralidade e a escrita: a etnografia nos candomblés da Bahia. Salvador: Edufba, 2010.
CAPONE, S. A busca da África no candomblé: tradição e poder no Brasil. Rio de Janeiro: Pallas, 2009.
OLIVEIRA, B. Mercado religioso cresce e se mostra bilionário. Disponível em: http://www.fecomercio.com.br/noticia/mercado-religioso-cresce-e-se-mostra-bilionario Acesso em 08/02/2017.
OLIVEIRA, L. L. S. e NETO, G. B. A teoria do mercado religioso: evidência empíricas na literatura. REVER, São Paulo, n. 1, ano 14, 2014.
OLIVEIRA, O. L. e SOUZA, S. L. O batuque dos atabaques Rum, Rumpi e Lé como elemento sagrado e sacralizante no candomblé acriano. Revista do curso de licenciatura em música – CELA, Rio Branco, v. 2, nº. 1, 2012.
___. A relação entre língua, nação e identidade no candomblé acreano. Revista Tropos, Rio Branco, vol. 5, n. 2, 2016.
PIETROFORTE, A. V. Semiótica visual: os percursos do olhar. São Paulo. Contexto, 2. ed. 2007.
SANTOS, J. E. Os nagô e a morte. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 1976.
VALLADO, A. Lei do santo: poder e conflito no candomblé. Rio de Janeiro: Pallas, 2010.
VERGER, P. Orixás. Salvador: Corrupio, 1981.
VOGEL, A., MELLO, M. A. S. & BARROS, J. F. P. Galinha D’angola: iniciação e identidade na cultura afro-brasileira. Rio de Janeiro: Pallas, 2001.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Transferência de direitos autorais:
Declaro que após aprovado para publicação a Revista Tropos editada pela Universidade Federal do Acre (UFAC), passará a ter os direitos autorais do trabalho, que se tornarão propriedade exclusiva da Revista, sendo permitida a reprodução total ou parcial desde que devidamente referenciada.