VULNERABILIDADE SOCIAL E ALIMENTAR COMO FATORES ASSOCIADOS AO ATO DE CAÇAR PORÉM NÃO AO CONSUMO DE CARNE DE CAÇA: ESTUDO EM MÂNCIO LIMA, ACRE.
Resumo
A caça de animais selvagens é praticada pelo homem desde a antiguidade, e usada para a subsistência de pessoas que vivem em locais isolados, povos indígenas, ribeirinhos e colonos. Na Amazônia brasileira, a produção e o consumo de carne de caça aumentaram na última década, aliados a formas primitivas de obtenção de proteína animal diretamente da biodiversidade que apresentam riscos à saúde pública. Este estudo tem como objetivo analisar a prevalência de caca e do consumo de carne de caça e seus fatores associados em Mâncio Lima, Acre, e avaliar quais são as variáveis individuais, domiciliares, socioeconômicas e produção de alimentos associadas. Foram entrevistadas 823 pessoas residentes na zona urbana de Mâncio Lima, maiores de 17 anos, entre janeiro e fevereiro de 2012. Os resultados mostraram que o ato de caça para consumo próprio esteve associado à origem étnica do chefe do domicílio (p <0,001) , recebimento do Programa Bolsa Família ou presença de insegurança alimentar domiciliar (p <0,001). Porém, o consumo de carne de caça teve diferentes fatores de risco, a saber, ser do sexo masculino (p = 0,002), possuir telefone celular (p = 0,009), produzir leite para consumo próprio (p = 0,022) e pesca para consumo próprio (p = 0,009) = 0,013). Os resultados sugerem que a caça na Amazônia é mais frequente do que a reportada por populações com vulnerabilidade social, e ainda, que o comércio ilegal de carne de caça pode estar ocorrendo em cidades com abundância de vida selvagem.