LUTAS E RESISTÊNCIAS INDÍGENAS NO ALTO JURUÁ: MISCIGENAÇÃO E ETNIFICAÇÃO NA ETNIA JAMINAWA ARARA DO RIO BAGÉ
Palavras-chave:
Identidade. Cultura. Alto Juruá. Indígena.Resumo
A complexa construção histórica da identidade e cultura do povo Jaminawa Arara do Rio Bajé, tem sido interpretado de forma reducionista pela historiografia tradicional, prevalecendo constantes silenciamentos e negação da riqueza cultural gestada nos contatos interétnicos. Repensar criticamente a constituição identitária dessa etnia tem como ponto focal se contrapor esta bibliografia historiográfica canônica e essencialista, que interpreta as identidades culturais Amazônicas como estáticas e cristalizadas. Tendo isso em mente objetivamos empreender um estudo sobre as formas de etnificação cultural e identitária ocorridas na etnia Jaminawa Arara do Rio Bajé, a partir dos seus constantes movimentos migratórios e inter-relações com outras etnias e o homem não índio, de igual maneira, estudar o processo de “ocupação” da região do Alto Juruá, dando ênfase para os primeiros contatos entre seringueiros e seringalistas com as etnias da região, principalmente os indígenas que eram ou viriam a ser o povo Jaminawa Arara do Rio Bajé. Metodologicamente nos servimos de pesquisa bibliográfica, onde procuramos explorar criticamente a bibliografia existente sobre a história e cultura do povo Jaminawa Arara do Rio Bajé, utilizamo-nos também de pesquisa documental analisando alguns documentos governamentais, por fim, pesquisa de campo, através de entrevistas com as lideranças e integrantes mais idosos, as mesmas se darão de forma não-estruturada, orientadas por pautas, onde o entrevistador guia o diálogo com a intenção de atingir pontos de interesse. Como referencial teórico nos valemos dos conceitos de etnificação ou etnogênese conforme os utiliza Miguel Alberto Bartolomé. Os resultados parciais indicam que o contato entre o grupo Jaminawa Arara do Rio Bajé e o homem não índio e demais etnias no qual travaram contato não representou necessariamente uma perda cultural, ao contrário, por meio de formas ativas de resistência ou mesmo escolhas deliberadas de ação política, deu lugar a novas formas de ressignificação cultural agregando valores dos grupos em contatos.
Referências
ALBUQUERQUE, Gerson Rodrigues de. História e Historiografia do Acre: Notas sobre os silêncios e a lógica do progresso. Revista Tropos: Comunicação, Sociedade e Cultura, Rio Branco-Ac, n. 04, 30 de dez de 2015. Disponível em< https://bit.ly/2DcUSVm>31 de julho de 2018.
ARAUJO, Maria Gabriela Jahnel de. Entre Almas, Encantes e Cipó. São Paulo, 1998. Dissertação (mestrado) apresentada ao departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de São Paulo. São Paulo, 1998.
BARTOLOMÉ, Miguel Alberto.As etnogêneses: velhos atores e novos papéis no cenário cultural e político. Revista Scielo, Rio de Janeiro, n. 01. 2006. Disponível em:<https://bit.ly/2Q7Wsur>acesso em: 12 de agosto de 2018.
CARDOSO, Fernando Henrique. História geral da civilização brasileira: O Brasil republicano, v. 8: estrutura de poder e economia (1889- 1930). (org) Boris Fausto. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
CARVALHO, J. Almir Diniz de. Índios Cristãos: A conversão dos gentios na Amazônia Portuguesa (1653-1769). 2015. 402 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Campinas, SP: [s.n.], 2005.
CRUZ, Tereza Almeida. Jaminawa Arara - A união de dois povos. In. Povos do Acre: História Indígena da Amazônia Ocidental. Rio Branco (AC): Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour (FEM), 2002, pp. 40-41.
GLISSANT, E. Introdução a uma poética da diversidade. Tradução de Enilce Albergaria Rocha. Juiz de Fora: Editora da UFJF, 2005.
GONDIM, Sérgio Augusto de Albuquerque. Sabedoria e resistência. In. Povos do Acre: História Indígena da Amazônia Ocidental. Rio Branco (AC): Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour (FEM), 2002, pp. 46-47.
HALL, Stuart. Da Diáspora Identidades e Mediações Culturais. - Belo Horizonte: Editora UFMG; Brasília: Representação da UNESCO no Brasil, 2003.
IGLESIAS, Marcelo Manuel Piedrafita. Os Kaxinawá de Felizardo: correrias, trabalho e civilização no Alto Juruá. Rio de Janeiro: UFRJ/MN/ PPGAS, 2008.
KAYAPÓ, E. Identidade e literatura indígena: o encontro necessário na escola brasileira. ALBUQUERQUE, G. R. (Org.). Das margens. Rio Branco (AC): Nepan Editora, 2016, pp. 57-75.
OLIVEIRA, João Pacheco de. O nascimento do Brasil e outros ensaios: “Pacificação”, Regime Tutelar e Formação de Alteridades. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2016.
RIBEIRO, Darcy, Os índios e a civilização: A integração das populações indígenas ao Brasil moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
SILVA, Francisco Bento da. Acre, a “pátria dos proscritos”: prisões e desterros para as regiões do Acre em 1904 e 1910. Curitiba, 2010. Tese (Doutorado em História) – Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, 2010.
SOARES, Ana Luiza Morais. História Indígena no século XIX: contexto para discussão da presença indígena na urbanização de Manaus. In: XXVII Simpósio Nacional de História: Conhecimento Histórico e Diálogo Social-ANPUH. 27, 2013, Natal-RN, simpósio, p. 2.
SOUZA, Carlos Alberto Alves de. História do Acre: novos temas, novas abordagens. Rio Branco, Editor Carlos Alberto Alves de Souza. 2005.
WOLFF, Cristina Scheibe. Marias, Franciscas e Raimundas: uma história das mulheres da floresta Alto Juruá, Acre 1870-1945. São Paulo, 1998. Tese (doutorado em História Social) - Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1998.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do autor. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais.