BREVES REFLEXÕES ACERCA DO PAPEL DA IMPRENSA NA CONSTRUÇÃO DO “BRASIL GRANDE”
Palavras-chave:
“Brasil Grande”. Amazônia. Imaginário.Resumo
Perspectivas otimistas quanto ao futuro do Brasil foram projetadas em diversos momentos da história brasileira. Invariavelmente tais projeções fundaram-se mais na reiteração das mesmas do que propriamente em elementos concretos que as justificassem. O desenvolvimento do capitalismo do Brasil, sobretudo, a partir da década de 1950 propiciou perspectivas mais tangíveis em relação a este futuro opulento. O cenário do “milagre econômico” (1968 – 1974) se converteu, deste modo, em um cenário fértil para emersão deste discurso. As “obras faraônicas” promovidas pela ditadura militar – como, por exemplo, as rodovias Transamazônica e Perimetral Norte, as usinas de Itaipu, Tucuruí (hidrelétricas) e Angra (nuclear) e a ponte Rio-Niterói – foram apresentadas como símbolos do processo de modernização e de desenvolvimento econômico em curso no país, fatores sintetizados na retórica do “Brasil Grande”. Determinados projetos de intervenção estatal na Amazônia foram utilizados para promover tal retórica. Destarte, houve um intenso esforço propagandístico, tanto por parte dos veículos oficiais de comunicação, como pela imprensa, para reiterar e difundir o discurso do “Brasil Grande. Neste sentido, as reflexões aqui propostas se pautam na compreensão do papel da imprensa na apropriação e difusão da retórica do “Brasil Grande” e sua vinculação as ações de intervenção estatal em marcha na região amazônica no período entre 1968 e 1974.
Referências
CANAÃ amazônica. Veja, São Paulo, Edição n.109, p.24-25, 7. out. 1970. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/acervo/home.aspx>. Acesso em: 07. out. 2016.
CARVALHO, José Murilo. O motivo edênico no imaginário social brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 13, n. 38, p.63-80, 1998.
CUNHA, Euclides da. Um paraíso perdido: reunião de ensaios amazônicos. Brasília: Senado Federal, 2000.
FICO, Carlos. Reinventando o otimismo: ditadura, propaganda e imaginário social no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1997.
______. Versões e controvérsias sobre 1964 e a ditadura militar. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.34, nº47, p.29-60, 2004.
GONDIM, Neide. A invenção da Amazônia. São Paulo: Marco Zero, 1994.
HARDMAN. Francisco Foot. O trem fantasma: a ferrovia Madeira-Mamoré e a modernidade na selva. 2ª Ed., São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
LOUREIRO, João de Jesus Paes. Cultura amazônica: uma poética do imaginário. São Paulo: Escrituras, 2001.
MARTINS, Ricardo Constante. Ditadura militar e propaganda política: A revista Manchete durante o governo Médici. 1999, 195 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.
MÉDICI, Emílio Garrastazu. Mensagem ao Congresso Nacional: apresentada pelo presidente da República por ocasião da abertura da sessão legislativa de 1972, 1972. Disponível em: <http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u1353/>. Acesso em 25. out. 2016.
MENDONÇA, Sônia Regina. Estado e Economia no Brasil: opções de desenvolvimento. 3ªEd., Rio de Janeiro: Editora Graal, 1986.
MENEZES, Fernando Dominience. Enunciados sobre o futuro: ditadura militar, Transamazônica e a construção do “Brasil grande”. 2007, 147 f. Dissertação (Mestrado em História). Universidade de Brasília, Brasília.
SKIDMORE, Thomas. Brasil: de Castelo a Tancredo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
TOCANTINS, Leandro. Amazônia – Natureza, Homem e Tempo. Rio de Janeiro: Conquista, 1960.
TRANSAMAZÔNICA, mais um milhão de km² de riquezas. Folha de São Paulo. São Paulo, Edição n. 109, p.6, 12. jul. 1970. Disponível em: <http://acervo.folha.uol.com.br/resultados/?q=coloniza%C3%A7%C3%A3o&site=fsp&periodo=acervo&x=0&y=0>. Acesso em: 07. out. 2016.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do autor. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais.