“MESMO SEM TÚMULO COM A SUA FOTO, VOCÊ AQUI JAZ”: O DISCURSO REALISTA CANTADO POR EDUARDO TADDEO EM O NECROTÉRIO DOS VIVOS

Autores

Palavras-chave:

Rap (Música), Denúncia, Marginalização Social, Periferia

Resumo

Este artigo teve como objetivo traçar uma análise da letra da canção “O Necrotério dos Vivos” de Eduardo Taddeo, evidenciando sua condição analítico-sociológica devido o entendimento da relevância dos temas nela trabalhados e do papel de tais críticas sociais para o campo acadêmico. A metodologia empregada no artigo conta com revisão de literaturas que dialogam e enfatizam o exposto na canção, bem como perspectivas gerais sobre a literatura científica acerca dos temas: rap nacional, movimentos sociais e resistências no Brasil, racismo e exclusão social. O estudo contou também com exemplos empíricos, extraídos de artigos jornalísticos e revistas, que foram citados na música ou puderam ser associados às críticas nela pontuadas. A partir daí, a pesquisa foi organizada a partir da divisão da música em três partes estruturadas de acordo com seus respectivos parágrafos, entendendo que cada um dá ênfase a um corpo que indiretamente compõem o contexto ali trazido, seja ele em sua face oprimida, em seu teor revolucionário ou sobrevivendo ao necrotério dos vivos. Dessa forma, o estudo pode localizar o corpo marginalizado nesse espaço social que Eduardo Taddeo chama de necrotério dos vivos em sua canção, entendendo sua condição de não vivo e o papel social do rap nesse ínterim.

Biografia do Autor

Ronan da Silva Parreira Gaia, Universidade de São Paulo

Mestre em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Psiquiátrica da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - EERP/USP. Especialista em Direitos Humanos, Educação e Sociedade, Educação Especial e Inclusiva, Gestão Pública e em Psicopedagogia Institucional pela Faculdade de Educação São Luís. Licenciado em Pedagogia pela Faculdade Filadélfia e em Filosofia pelo Centro Universitário Claretiano. Pesquisador Associado ao 'Tierno Bokar: Núcleo de pesquisas e estudos sobre o fenômeno religioso' (UNILAB/CNPq).

Referências

AMADO, G. Brasil bate recorde e tem 812 mil presos. Época. Publicado em 17 de julho de 2019. Disponível em: <https://epoca.globo.com/guilherme-amado/brasil-bate-recorde-tem-812-mil-presos-23812587?versao=amp>. Acesso em: 15 mai. 2021.

BARBOSA, J. C. A. Criminalização da pobreza: a guerra civil não declarada e o genocídio negro, sob o prisma do RAP. 2016. 58f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito). Universidade Federal do Rio Grande. Rio Grande, RS.

BILL, MV. Só um papo: o Tempo, a Mídia e o Racismo. In: MV Bill. YouTube, 11 jun. 2020. Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=isfrl6GxyMw>. Acesso em 02 jul. 2020.

BÍBLIA, N. T. João. In: BÍBLIA. Sagrada Bíblia Católica: Antigo e Novo Testamentos. Trad. José Simão. São Paulo: Sociedade Bíblica de Aparecida, 2008. p. 1609-1656.

BOAVENTURA, C. N. S.; SILVA, A. L. The Walking Dead e Os Zumbis Contemporâneos. Revista Ciências Humanas, v. 9, p. 146-160, 2016. Disponível em: <https://www.rchunitau.com.br/index.php/rch/article/view/297/192>. Acesso em: 17 de maio de 2021.

BRAGA, M. Eduardo Taddeo é cada vez mais vivo e necessário em meio ao caos político-social. Persona – crítica, UNESP. Publicado em 22 de setembro de 2020. Disponível em: <http://personaunesp.com.br/necroterio-dos-vivos-critica/>. Acesso em: 22 abr. 2021.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

______. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940.

______. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art266>. Acesso em: 16 mai. 2021.

CALADO, N. 'Como eles não viram o uniforme escolar?', indaga o pai de adolescente morto na Maré. Rio de Janeiro: O Dia. Publicado em 21 de junho de 2018. Disponível em: <https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2018/06/5551110-como-eles-nao-viram-o-uniforme-escolar--indaga-o-pai-de-adolescente-morto-na-mare.html>. Acesso em: 11 mai. 2021.

CALEIRO, J. P. Salário mínimo deveria ser de R$ 3.399,22, segundo Dieese. EXAME. Publicado em 10 de dezembro de 2015. Disponível em: <https://exame.com/economia/salario-minimo-deveria-ser-de-r-3-399-22-segundo-dieese/>. Acesso em: 16 mai. 2021.

DESCARTES, R. Discurso do método. Trad. João C. Costa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017. (Original publicado em 1637).

DIAS, P. E. Tatuagem feita em testa de Ruan persiste um ano após início de sessões de remoção. Ponte. Publicado em 23 de julho de 2018. Disponível em: <https://ponte.org/tatuagem-feita-em-testa-de-ruan-persiste-um-ano-apos-inicio-de-sessoes-de-remocao/>. Acesso em: 11 mai. 2021.

EBLE, T. A.; LAMAR, A. R. A literatura marginal/periférica: cultura híbrida, contra-hegemônica e a identidade cultural periférica. Especiaria: Cadernos de Ciências Humanas. v.16, n.27, p.193-212, jul./dez. 2015. Disponível em: <http://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/1126>. Acesso em: 23 abr. 2021.

EL PAÍS. Mãe de jovem morto no Rio: “É um Estado doente que mata criança com roupa de escola”. Rio de Janeiro. Publicado em 25 de junho de 2018. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/06/22/politica/1529618951_552574.html>. Acesso em: 11 mai. 2021.

EMICIDA. Narração. In: OURO PRETO, F. Emicida: AmarElo – É Tudo Pra Ontem. 2020. (89min.).

FOLHA DE SÃO PAULO. 40 % das denúncias de tortura envolvem GOE e Garra, da Civil. São Paulo: Da Reportagem Local. Publicado em 20 de outubro de 1999. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2010199907.htm>. Acesso em: 11 mai. 2021.

FRANCO, L. 'Ele morreu duas vezes': a batalha de uma mãe para tirar da internet 'fake news' que acusam filho morto de ser traficante. São Paulo: BBC News. Publicado em 11 de março de 2019. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47518522>. Acesso em: 11 mai. 2021.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. 42. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.

GAIA, R. S. P. et al. O coração vulnerável: a masculinidade negra do sujeito periférico brasileiro cantada pelos Racionais MC’s em Jesus Chorou. PerCursos, v. 21, n. 46, p. 162 -189, 2020. http://dx.doi.org/10.5965/1984724621462020162.

GAIA, R. S. P.; ZACARIAS, L. S. O Fator Raça na Violência Policial Cotidiana: um debate necessário. Kwanissa, v. 3, n. 6, p. 56-77, 2020. Disponível em: <http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/14501>. Acesso em: 16 mai. 2020.

GOMES, M. A. “Os locutores do inferno”: representações de violências no rap do Facção

Central (1995-2006). 2019. 91f. Dissertação (Mestrado em História). Universidade de Brasília, Brasília, DF.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. Artes & Ensaios, v.32, p.123-151, 2016.

MOURÃO, N. S.; RICARDO, V. N. A era das chacinas: A necropolítica brasileira e sua expressão na cultura. Letras & Letras, Uberlândia, v. 36, n. 2, p. 30-51, 2020. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/letraseletras/article/view/51405>. Acesso em: 24 abr. 2021.

O NECROTÉRIO DOS VIVOS. Intérprete: Eduardo Taddeo. Compositor: E. Taddeo. In: O Necrotério dos Vivos. São Paulo. Prod. DJ Luiz Só Monstro, 2020. 2 CDs, Faixa 2 (6 min. 1 seg.), CD 1.

OURO PRETO, F. Emicida: AmarElo – É Tudo Pra Ontem. 2020. (89 min.).

RIBEIRO, A. C. L. et al. A criminalização de movimentos sociais como tentativa de invisivilidade e silenciamento de vozes e da resistência na atual conjuntura brasileira. In: Simpósio Internacional LAVITS, 6, 2019. Anais eletrônicos... Salvador: LAVITS, 2019. p. 1-16. Disponível em: <https://lavits.org/wp-content/uploads/2019/12/Ribeiro_Borja_Neri_Lima-2019-LAVITSS.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2021.

SANSONE, L. Fugindo para a força: cultura corporativista e "cor" na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, v. 24, n. 3, p. 513-532, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-546X2002000300004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 18 mai. 2021. https://doi.org/10.1590/S0101-546X2002000300004.

SHERIDAN, D. Get Rich or Die Tryin. 2005. (117 minutos).

SILVA, E. F. Os direitos humanos no “bolsonarismo”: “descriminalização de bandidos” e “punição de policiais”. Conhecer: Debate entre o Público e o Privado, n. 22, p. 133-153, 2019. Disponível em: <https://revistas.uece.br/index.php/revistaconhecer/article/view/1026/1179>. Acesso em: 12 abr. 2021.

SOLEDADE, A. C. Entre o ethos criminoso e o professoral: a tentativa de censura do videoclipe “Isso aqui é uma guerra” do grupo Facção Central. Políticas Culturais em Revista, v. 11, n. 1, p. 77-99, 2018. http://dx.doi.org/10.9771/pcr.v11i1.26614.

SOUZA, Jessé. Subcidadania Brasileira: para entender o país além do jeitinho brasileiro. Rio de Janeiro: LeYa, 2018.

TOMAZ, Kleber. Rota, uma das tropas da PM de SP que mais matam, terá câmera que 'grava tudo' presa no uniforme. São Paulo: G1. Publicado em 23 de abril de 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/04/23/rota-uma-das-tropas-da-pm-de-sp-que-mais-matam-tentara-conter-violencia-policial-com-camera-corporal-que-grava-tudo.ghtml>. Acesso em: 11 mai. 2021.

VICTORLOPESJM. O Necrotério dos Vivos (Eduardo Taddeo). Clio Indica. Clio história e literatura. Publicado em 29 de março de 2020. Disponível em: <https://cliohistoriaeliteratura.com/2020/03/29/o-necroterio-dos-vivos-eduardo-taddeo-clio-indica/>. Acesso em: 22 abr. 2021.

Downloads

Publicado

2021-12-01

Como Citar

Gaia, R. da S. P. (2021). “MESMO SEM TÚMULO COM A SUA FOTO, VOCÊ AQUI JAZ”: O DISCURSO REALISTA CANTADO POR EDUARDO TADDEO EM O NECROTÉRIO DOS VIVOS. TROPOS: COMUNICAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA (ISSN: 2358-212X), 10(2). Recuperado de https://periodicos.ufac.br/index.php/tropos/article/view/5038

Edição

Seção

Artigos