“MENINAS NÃO TOCAM PERCUSSÃO”: O ROCK UNDERGROUND A PARTIR DA PERSPECTIVA DE UMA PERCUSSIONISTA DO SARAVÁ METAL
Palavras-chave:
Música, Estudos Feministas, Bateria, Rock Underground, Indústria MusicalResumo
A partir de entrevistas semiestruturadas com Gê Vasconcelos, percussionista da banda de saravá metal Gangrena Gasosa, o presente artigo traz discussões que abrangem mulheres bateristas e percussionistas no rock underground. Compreendendo que a baixa representação feminina na percussão é resultado de diversos padrões misóginos incrustados na sociedade patriarcal (REDMOND, 2018), apresento o debate sobre educação musical feminina, sexismo na música – especificamente no rock underground (BILBAO, 2015, SCHAAP; BERKERS, 2014) –, múltiplas funções femininas e diferenças de gênero no mercado de trabalho (FEDERICI, 2019) como fatores significativos. Assim, é possível inferir que a própria construção ao entorno da ideia de profissionalismo na música pode variar e ser influenciada por concepções sexistas da sociedade patriarcal. Dessa maneira, este artigo propõe pensar nos motivos que justificam ou explicam a baixa representação feminina nas bateristas no rock underground, além de tentar responder à seguinte questão: quais funções essas mulheres assumem para serem entendidas como profissionais qualificadas?
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