“AQUI TEM GENTE COMO EU”: SUBJETIVIDADE LGBT EM TRAJETÓRIAS MIDIÁTICAS

Autores

  • Carolina Bonoto Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Palavras-chave:

Narrativas midiáticas; relatos de vida; subjetividade LGBT

Resumo

Este artigo analisa as produções de subjetividades não-normativas a partir das relações com múltiplos produtos midiáticos. Com base nos relatos de vida de seis ativistas lésbicas, gays, bissexuais e trans, coletados ao longo de dois anos de trabalho de campo, apresento reflexões sobre a politização das subjetividades e as mobilizações estratégicas das identidades LGBTs em resistência ao sistema heteronormativo atual. Ancorada nos estudos culturais e estudos de gênero e sexualidade, a pesquisa parte do pressuposto de que a mídia é um dos espaços de mediação das construções identitárias e, portanto, impacta consideravelmente nas restrições e interdições sociais impostas a determinados corpos e comportamentos. De contextos distintos, temporalidades diferentes e acionando múltiplos marcadores identitários, os/as ativistas contam e recontam suas trajetórias a partir da relação com a mídia. Os relatos sobre os processos de identificação e diferenciação atravessam questões de isolamento social, temor em “sair do armário” e desejo por pertencimento. Na mídia, em suas variadas formas, encontram as primeiras referências de pessoas e experiências semelhantes. Também ganham relevo as considerações críticas quanto a regulação das visibilidades e representações disponíveis, demonstrando um processo de constante negociação travada entre as subjetividades LGBT e os produtos midiáticos.

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Publicado

2021-07-08

Como Citar

Bonoto, C. (2021). “AQUI TEM GENTE COMO EU”: SUBJETIVIDADE LGBT EM TRAJETÓRIAS MIDIÁTICAS. TROPOS: COMUNICAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA (ISSN: 2358-212X), 10(1). Recuperado de https://periodicos.ufac.br/index.php/tropos/article/view/4605

Edição

Seção

Artigos