AS TELENOVELAS BRASILEIRAS COMO TECNOLOGIAS SOCIAIS DE HIPERVISIBILIDADE DA IDENTIDADE DE GÊNERO E SEXUALIDADE
Palavras-chave:
Telenovela, Discursividades, Ativismo, Gênero, SexualidadeResumo
Compreendidas por nós como tecnologias sociais de hipervisibilidade da identidade de gênero e sexualidade, as telenovelas brasileiras por décadas promovem, no País, campos de germinação de problemáticas morais, mobilizam práticas sociais e respondem por uma produção incalculável de discursos de sexo. Neste trabalho, apresentamos como essa dinâmica se materializou por meio de cartas dos leitores do Jornal do Brasil (JB), entre os anos de 1978 e 2000, onde os telespectadores, movidos pelas primeiras representações das temáticas e/ou personagens LGBT’s nas telenovelas do País, protagonizam um extenso debate sobre censura, novas formas de controle, liberdade de expressão e democracia pós-ditadura militar. Também demonstramos como este debate sustentou e sustenta os argumentos para emissão das Portarias de Classificação Etária do Governo até os dias de hoje. Para rastrear estas controvérsias provocadas pelas telenovelas, consideramos as recomendações metodológicas de Bruno Latour que propõe dar voz aos “atores” (grupos, porta-vozes, antigrupos) das discussões. Isto é, buscar identificar onde se origina e o que move suas ações e onde residem as controvérsias. A partir das quais, nos detemos nas discursividades, enunciados e performativos de gênero, segundo as compressões de Foucault, Butler, Preciado e Eribon. Trazemos resultados de análises como fundamentos para compreensão de que, enquanto tecnologias sociais, as telenovelas brasileiras têm no sexo um dos seus principais instrumentais e suportes.
Referências
ARQUIVO NACIONAL. Diretório Brasil de Arquivos (DIBRARQ) – Ministério da Justiça. Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP). Brasília, [2015?]. Disponível em: <http://dibrarq.arquivonacional.gov.br/index.php/divisao-de-censura-de-diversoes-publicas-dcdp>. Acesso em: 01 mar. 2018.
CARRILLO, Jesús. Entrevista com Beatriz Preciado. Revista Poiésis, Niterói, n. 15, p. 47-71, jul. 2010. Publicação do Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes. Disponível: <http://www.poiesis.uff.br/PDF/poiesis15/Poiesis_15_EntrevistaBeatriz.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2018.
BRASIL. Ministério da Justiça. Gabinete do Ministro Jarbas Passarinho. Portaria nº 773, de 19 de outubro de 1990. Dispõe sobre classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e de televisão, a exceção dos transmitidos ao vivo. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 202, 22 out. 1990. Seção 1, p. 20. Disponível em: <http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=
20&data=22/10/1990>. Acesso em: 28 jul. 2017.
______. Ministério da Justiça. Gabinete do Ministro José Gregori. Portaria nº 796, de 08 de setembro de 2000. Dispõe sobre classificação de diversões públicas e de programas de rádio e de televisão, a exceção dos transmitidos ao vivo. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 177, 13 set. 2000. Seção 1, p. 1. Disponível em: <http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=1&data=13/09/2000>. Acesso em: 28 jul. 2017.
______. Ministério da Justiça. Gabinete do Ministro José Eduardo Cardozo. Portaria nº 368, de 11 de fevereiro de 2014. Dispõe sobre classificação indicativa de diversões públicas e de programas de rádio e de televisão. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 30, 12 fev. 2014. Seção 1, p. 38. Disponível em: <http://www.lex.com.br/legis_25285426_PORTARIA_N_368_DE_11_DE_FEVEREIRO_DE_2014.aspx>. Acesso em: 28 jul. 2017.
______. Ministério da Justiça. Gabinete do Ministro Torquato Jardim. Portaria nº 1.189, de 03 de agosto de 2018. Regulamenta o processo de classificação indicativa de que tratam o art. 74 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, o art. 3º da Lei nº 10.359, de 27 de dezembro de 2001, e o art. 11 da Lei nº 12.485, de 12 de setembro de 2011. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 06 ago. 2018. Edição 150, seção 1, p. 61. Disponível em: <http://www.justica.gov.br/seus-direitos/classificacao/legislacao/arquivos-diversos/
PortariaMJ11892018.pdf>. Acesso em: 07 nov. 2018.
ERIBON, Didier. Reflexões sobre a questão gay. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2008.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade – O Uso dos Prazeres. v. 2. 11. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984.
______. História da Sexualidade – A Vontade de Saber. v. 1. 17. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.
GOOGLE. Jornal do Brasil. Digitalização das edições de 8 abril de 1891 a 31 dez. 1999. S.l., 2008. Disponível em: <https://news.google.com/newspapers?nid=0qX8s2k1IRwC>. Acesso em: diversos 2017.
GONÇALVES, Tamara. Dez anos da política nacional de classificação indicativa no Brasil: uma conquista democrática. In: MACEDO, Alessandra et al (Org.). A experiência da classificação indicativa no Brasil. Brasília: Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Justiça, 2014.
GOMES, Mayara; LIMBERTO, Andrea. Trajetória de um estudo sobre censura, classificação indicativa e os desafios das mídias digitais. In: MACEDO, Alessandra et al (Org.). A experiência da classificação indicativa no Brasil. Brasília: Ministério da Justiça, Secretaria Nacional de Justiça, 2014.
LATOUR, Bruno. Reagregando o Social. Salvador, BA: Edufba/Bauru, SP: Edusc, 2012.
MEMÓRIA GLOBO. Censura na TV Globo. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <http://memoriaglobo.globo.com/mostras/censura-na-tv-globo/censura-na-tv-globo/censura-na-tv-globo-na-tv-globo.htm>. Acesso em: diversos 2015-2018.
PRECIADO, Paul B. Manifesto Contrassexual. São Paulo: n-1 edições, 2017.
SALIH, Sara. Judith Butler e a Teoria Queer. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.
SPINOZA, Benedictus de. Ética. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.
TV-PESQUISA. Banco de Dados sobre a Televisão brasileira. PUC-RJ. Rio de Janeiro, 1999. Pesquisa sobre cartas de leitores e telespectadores, reportagens e outros documentos, publicados na imprensa no período de 1978 a 2001. Disponível: <http://www.tv-pesquisa.com.puc-rio.br/>. Acesso: Diversos 2015-2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Transferência de direitos autorais:
Declaro que após aprovado para publicação a Revista Tropos editada pela Universidade Federal do Acre (UFAC), passará a ter os direitos autorais do trabalho, que se tornarão propriedade exclusiva da Revista, sendo permitida a reprodução total ou parcial desde que devidamente referenciada.