“PRETO DANÇA TANTO, AINDA MAIS PRETO E VIADO”: APONTAMENTOS SOBRE GÊNERO E RAÇA EM SUPER DRAGS
Palavras-chave:
raça, gênero, discriminação, teorias queer, super dragsResumo
Este trabalho objetiva realizar apontamentos sobre a ocorrência de discriminação racial e de gênero em trechos selecionados do quarto episódio da série de animação brasileira Super Drags. Em tempos de conservadorismo acentuado no Brasil, este trabalho se justifica pela criação e exibição de uma série brasileira que aborde as temáticas de gênero, raça e seus diversos desdobramentos, a qual se destaca por ser a primeira série de animação produzida no Brasil abordando tais assuntos de maneira cômica, irônica e acurada. Este estudo qualitativo interpretativista (ERICKSON, 1990; MOITA LOPES, 1994) se insere no âmbito da linguística aplicada indisciplinar (MOITA LOPES, 2006) ao utilizar arcabouço teórico transdisciplinar das teorias queer (BUTLER, 1990; SALIH, 2017; MISKOLCI, 2012) e teorizações sobre questões de raça, discriminação racial e de gênero (BARNARD, 2004; CRENSHAW, 2003; GUIMARÃES, 2003). Para a proposta interpretativista, a linguagem é o fator determinante para a compreensão do fato social e das várias subjetividades dos sujeitos pesquisados. A proposta queer de pensamento visa o questionamento das categorizações binárias em busca da transformação social. O trabalho com o conceito de raça nas teorias queer é de suma importância, pois raça e gênero não podem ser desassociados como se fossem instâncias separadas da subjetividade humana. As personagens da série sofrem discriminação racial e de gênero em diversos momentos da narrativa e o racismo presente no seriado não deve ser tratado como uma questão de menor importância, mas deve ser denunciado, questionado e combatido.
Referências
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 15ª ed. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1990.
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SALIH, Sara. Judith Butler e a Teoria Queer. 4º ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
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