Projeto de extensão da Ufac resgata a tradição da marujada no Acre
Palavras-chave:
Marujada, Projeto de extensão,Resumo
É comum associar uma tradição cultural como algo preso ao passado, irretocável e muitas vezes inacessível. Ainda mais quando essa tradição é formada por diferentes matrizes, como a indígena, a africana e a europeia, e remonta à época da colonização portuguesa no Brasil. Do encontro dessas três matrizes resultou uma cultura diversa, múltipla e única que, embora carregue elementos de cada vertente, tornou-se nova e original. A marujada é resultado desse processo.
Um auto religioso que conta a história de um levante num navio negreiro em alto mar, contrapondo a catequese portuguesa e a resistência à escravidão. Até chegar ao Acre, especificamente em Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá, a marujada percorreu o território brasileiro e incorporou pelo caminho traços da cultura indígena, quando ganhou ritmos, cores e sentidos até então não pertencentes a essa manifestação cultural. E se tornou única ao misturar o sagrado e o profano, o preto, o branco e o amarelo.
É possível associar a marujada a uma planta híbrida com raízes profundas na história do Brasil e além-mar, mas de sobrevivência muito frágil nos dias de hoje. Depende de políticas públicas e ações afirmativas que possam garantir a continuidade e a permanência da tradição oral repassada de geração em geração por tantos mestres da cultura acreana.
O produtor cultural Alexandre Anselmo se enveredou por esses caminhos ao tentar descobrir as origens dessa manifestação artística. Sabe que a cultura não está presa ao passado, mas que é viva assim como a língua e a humanidade. “A cultura resiste assim como a vida”, assegura. Nessa busca, ele conta com o apoio da Universidade Federal do Acre (Ufac), que integrou a marujada como projeto de extensão da universidade, por meio da Pró-reitoria de Extensão e Cultura.
Para celebrar a parceria, o grupo Marujada Brig Esperança, sob o comando do mestre Aldenor, realizou uma apresentação no campus Floresta, em Cruzeiro do Sul, berço original da marujada no Acre. Ao passar por Mâncio Lima, uma surpresa! A descoberta de uma outra tradição do estado desconhecida por grande parte da população. Um boi de rezado que acontece entre Natal e Dia de Reis e que mistura elementos do folclore brasileiro e da era medieval.
Nessa entrevista, Alexandre Anselmo fala de sua trajetória como estudioso de culturas e identidades, do trabalho de resgate à marujada, do projeto de extensão da Ufac e da redescoberta de mais uma tradição do Acre. Confira!