A construção de corpos e feminilidades: travestis e transexuais para além da prostituição.
Resumo
Esta pesquisa tem como foco compreender a construção de corporalidade e feminilidade por travestis e transexuais que não participam do mercado do sexo. Por meio da História Oral, foi investigado como as tecnologias médicas (hormônios e silicone), indumentárias e acessórios são utilizados na produção da visualidade feminina pelas trans. O objetivo do trabalho foi mensurar as diferenças existentes entre o grupo pesquisado e a bibliografia antropológica brasileira pautada nas travestis e transexuais profissionais do sexo. Os resultados possibilitaram entender as relações entre as trajetórias de vida das entrevistadas, com o apoio familiar, a conclusão da educação escolar e a atuação profissional para além da prostituição. As biotecnologias colaboram na produção da subjetividade feminina e autoimagem positiva de si mesmas. A produção das corporalidades e feminilidades se realizam por meio da interiorização das visões sobre o feminino que permeiam a experiência de vida das trans. Portanto, não existe um único modo de construir esses atributos, há, mais precisamente, uma série de fatores que se constituem através dos hábitos. Os capitais cultural, econômico e o discurso médico-científico colaboram para a produção dessas subjetividades. Notou-se, deste modo, uma construção corporal não voltada exclusivamente aos modelos corporais hegemônicos. Assim, tais trajetórias de vida evidenciam novas configurações das corporalidades trans.