PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO OFIDISMO NO ESTADO DA BAHIA – BRASIL (2010-2015)
Resumo
Este é um estudo retrospectivo do perfil clínico-epidemiológico dos casos de ofidismo registrados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), entre os anos de 2010 e 2015 para o Estado da Bahia, Brasil. Foi registrado para o período um total de 83.063 casos de acidentes ofídicos, sendo o município de Jequié aquele que apresentou o maior número de casos (n= 4.190) e maior letalidade dos acidentes (0,6%), superando os índices para o Estado e para o Brasil (0,3%). A maior incidência foi verificada no município de Ibiassucê (93,96%), porém com baixa letalidade (0,21%). Os casos de envenenamento mostraram sazonalidade, sendo mais frequentes entre os meses de Novembro a Maio. Serpentes do gênero Bothrops foram as principais causadoras dos acidentes (n= 11.446; 13,8%), mas este número pode ser bem maior, considerando que em 84,3% dos casos não houve a identificação da espécie envolvida. A maioria dos acidentes ocorreu com homens com idade entre 20 e 39 anos (n= 26.766; 32,2%), que recebeu atendimento antes de 6 horas após a picada (90,3%). Os casos foram principalmente classificados como leves (75,3%), evoluindo para a cura (88,1%). O perfil clínico-epidemiológico do ofidismo no Estado da Bahia durante o período estudado revelou que este ainda é um problema de saúde pública ambiental que necessita de monitoramento e controle, aliados ao desenvolvimento de políticas públicas voltadas para o treinamento dos profissionais de saúde, necessário na melhoria dos registros de notificações epidemiológicas, e assistência soroterápica adequada aos acidentados.
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