“NÃO BASTA RECONHECER NOSSAS NARRATIVAS É PRECISO RECONHECER NOSSAS NARRADORAS”
DIÁLOGOS ANTIRRACISTAS NO CHÃO DA ESCOLA A PARTIR DE ELIANE POTIGUARA E CÉLIA XAKRIABÁ
Palavras-chave:
Literatura indígena, Educação antirracista, Ancestralitura, Lei 11.645/2008, Formação docenteResumo
O artigo tem por objetivo refletir sobre a potencialidade das literaturas produzidas por mulheres indígenas para a formação antirracista de professoras na educação infantil, bem como para a construção de um fazer-saber em diálogo com a vida e a obra de Eliane Potiguara e a “Ancestralitura”, nos termos utilizados por Célia Xakriabá. A pesquisa-intervenção foi desenvolvida com duas professoras e suas turmas de Educação Infantil, somando um total de aproximadamente 20 crianças, numa escola pública atingida pelo rompimento da barragem de Fundão em Mariana- Minas Gerais, na qual buscou-se evidenciar a produção histórica e cultural da população negra e indígena. Como resultado destaca-se que a obra o “Pássaro Encantado" e o conceito de Ancestralitura evidenciam o papel das mulheres indígenas como guardiãs da memória e destacam a força da mulher indígena como corpos-territórios de resistência, de memória e de afirmação identitária. Conclui-se que a força da ancestralidade presente na oralidade e na escrita das mulheres indígenas nos ensina a contracolonizar as práticas escolares. No campo da educação infantil, ao assumir a literatura indígena, sobretudo, aquelas produzidas por mulheres, é possível forjar espaços para construção de caminhos para romper com o universalismo eurocêntrico/moderno/colonial.
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Referências
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