“NÃO BASTA RECONHECER NOSSAS NARRATIVAS É PRECISO RECONHECER NOSSAS NARRADORAS”

DIÁLOGOS ANTIRRACISTAS NO CHÃO DA ESCOLA A PARTIR DE ELIANE POTIGUARA E CÉLIA XAKRIABÁ

Autores

  • Áquila Bruno Miranda Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
  • Cristina Carla Sacramento Universidade Federal de Ouro Preto - Ufop
  • Verônica Mendes Pereira Universidade Federal de Ouro Preto - Ufop

Palavras-chave:

Literatura indígena, Educação antirracista, Ancestralitura, Lei 11.645/2008, Formação docente

Resumo

O artigo tem por objetivo refletir sobre a potencialidade das literaturas produzidas por mulheres indígenas para a formação antirracista de professoras na educação infantil, bem como para a construção de um fazer-saber em diálogo com a vida e a obra de Eliane Potiguara e a “Ancestralitura”, nos termos utilizados por Célia Xakriabá. A pesquisa-intervenção foi desenvolvida com duas professoras e suas turmas de Educação Infantil, somando um total de aproximadamente 20 crianças, numa escola pública atingida pelo rompimento da barragem de Fundão em Mariana- Minas Gerais, na qual buscou-se evidenciar a produção histórica e cultural da população negra e indígena. Como resultado destaca-se que a obra o “Pássaro Encantado" e o conceito de Ancestralitura evidenciam o papel das mulheres indígenas como guardiãs da memória e destacam a força da mulher indígena como corpos-territórios de resistência, de memória e de afirmação identitária. Conclui-se que a força da ancestralidade presente na oralidade e na escrita das mulheres indígenas nos ensina a contracolonizar as práticas escolares.  No campo da educação infantil, ao assumir a literatura indígena, sobretudo, aquelas produzidas por mulheres, é possível forjar espaços para construção de caminhos para romper com o universalismo eurocêntrico/moderno/colonial.

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Biografia do Autor

Áquila Bruno Miranda, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Discente de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (PPGPSI/UFMG). Mestra em Educação pela UFMG. Graduada em Psicologia pela UFMG, com período Sanduíche na Università de Bologna-Itália. Professora colaboradora da Pós-Graduação em Psicodrama pelo Instituto Mineiro de Psicodrama (IMPSI).

Cristina Carla Sacramento, Universidade Federal de Ouro Preto - Ufop

Professora Adjunta do Departamento de Educação da Universidade Federal de Ouro Preto (DEEDU-Ufop). Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Mestra em Educação e Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

Verônica Mendes Pereira, Universidade Federal de Ouro Preto - Ufop

Professora do Departamento de Educação da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Pós-doutorado em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade de Bolonha. Doutora e mestra em Educação e Graduada em Pedagogia pela UFMG. 

Referências

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Publicado

2025-05-25

Como Citar

Miranda, Áquila B., Sacramento, C. C., & Pereira, V. M. (2025). “NÃO BASTA RECONHECER NOSSAS NARRATIVAS É PRECISO RECONHECER NOSSAS NARRADORAS”: DIÁLOGOS ANTIRRACISTAS NO CHÃO DA ESCOLA A PARTIR DE ELIANE POTIGUARA E CÉLIA XAKRIABÁ. Revista Em Favor De Igualdade Racial, 8(3), 57–71. Recuperado de https://periodicos.ufac.br/index.php/RFIR/article/view/8337