A UNIVERSALIZAÇÃO DO RACISMO
COMO OS LIVROS DIDÁTICOS REPRODUZEM DISCURSOS E IMAGENS PRECONCEITUOSAS
Palavras-chave:
Racismo, Escola, Livro Didático, Análise do Discurso, Educação Antirracista.Resumo
O livro didático é uma ferramenta pedagógica fundamental para analisar como as relações raciais são recebidas no ambiente escolar. Assim sendo, este artigo tem como objetivo explorar a questão do racismo e suas representações em livros didáticos de História, adotados no município de Ilha Solteira, localizado no estado de São Paulo. Para isso, utilizamos os princípios metodológicos da análise do discurso de orientação francesa, oportunidade em que temos como referência os autores Michael Pechêux e Eni Orlandi, bem como as reflexões do filósofo Michel Foucault com o fito de compreender como os discursos presentes no livro didático em estudo perpetuam ou desafiam estereótipos raciais, procurando destacar a importância de uma Educação que promova a equidade racial e a inclusão, já que defendemos o princípio de que a escola é uma ferramenta importante para essa construção de visibilidade e combate contra inúmeros discursos e atitudes de preconceito, refletindo sobre as implicações das representações discursivas sobre a construção social do racismo, baseado na Lei nº 10.639/2003, que garante a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas. Mediante a análise realizada nos livros em questão, concluímos que não há conteúdos verbais e não verbais suficientes para se desenvolver e melhor explorar a questão do racismo. Para isso, entendemos que é preciso professores melhores preparados para mediarem o conteúdo desses materiais e contribuírem às discussões críticas sobre raça e racismo em sala de aula, visando a formação de um estudante consciente sobre como ocorrem as relações raciais em nossa sociedade.
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