A UNIVERSALIZAÇÃO DO RACISMO

COMO OS LIVROS DIDÁTICOS REPRODUZEM DISCURSOS E IMAGENS PRECONCEITUOSAS

Autores

  • Victor Hugo dos Santos Matos Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS
  • Silvane Aparecida de Freitas Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS

Palavras-chave:

Racismo, Escola, Livro Didático, Análise do Discurso, Educação Antirracista.

Resumo

O livro didático é uma ferramenta pedagógica fundamental para analisar como as relações raciais são recebidas no ambiente escolar. Assim sendo, este artigo tem como objetivo explorar a questão do racismo e suas representações em livros didáticos de História, adotados no município de Ilha Solteira, localizado no estado de São Paulo. Para isso, utilizamos os princípios metodológicos da análise do discurso de orientação francesa, oportunidade em que temos como referência os autores Michael Pechêux e Eni Orlandi, bem como as reflexões do filósofo Michel Foucault com o fito de compreender como os discursos presentes no livro didático em estudo perpetuam ou desafiam estereótipos raciais, procurando destacar a importância de uma Educação que promova a equidade racial e a inclusão, já que defendemos o princípio de que a escola é uma ferramenta importante para essa construção de visibilidade e combate contra inúmeros discursos e atitudes de preconceito, refletindo sobre as implicações das representações discursivas sobre a construção social do racismo, baseado na Lei nº 10.639/2003, que garante a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas. Mediante a análise realizada nos livros em questão, concluímos que não há conteúdos verbais e não verbais suficientes para se desenvolver e melhor explorar a questão do racismo. Para isso, entendemos que é preciso professores melhores preparados para mediarem o conteúdo desses materiais e contribuírem às discussões críticas sobre raça e racismo em sala de aula, visando a formação de um estudante consciente sobre como ocorrem as relações raciais em nossa sociedade.

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Biografia do Autor

Victor Hugo dos Santos Matos, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS

Mestrando em Educação pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Paranaíba-MS. Graduado em Educação Física pela Fundação Educacional de Andradina (FEA), Pedagogia e em Licenciatura em Letras Inglês pela Faculdade Campos Elíseos (FCE) e em Letras Português/Inglês pela Universidade de Cabo Verde (UUCV).  Docente da Prefeitura Municipal de Ilha Solteira-SP.

Silvane Aparecida de Freitas, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS

Professora na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), atuando na Pós-Graduação em Educação da Unidade de Paranaíba-MS. . Pós-doutorado em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Doutora em Letras-Linguística pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Mestra em Linguística Aplicada pela Unicamp. Graduada em Letras pela Faculdades de Ciências e Letras Urubupungá (Feclu).

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Publicado

2025-07-25

Como Citar

Matos, V. H. dos S., & Freitas, S. A. de. (2025). A UNIVERSALIZAÇÃO DO RACISMO: COMO OS LIVROS DIDÁTICOS REPRODUZEM DISCURSOS E IMAGENS PRECONCEITUOSAS. Revista Em Favor De Igualdade Racial, 8(4), 236–249. Recuperado de https://periodicos.ufac.br/index.php/RFIR/article/view/8109

Edição

Seção

ARTIGOS