NEGRITUDE E POSIÇÃO-SUJEITO
UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA OBRA SOLITÁRIA, DE ELIANA ALVES CRUZ
Palavras-chave:
Literatura, Análise de discurso, Negritude, ResistenciaResumo
O presente trabalho tem como objetivo compreender as posições-sujeito dos personagens femininos na obra Solitária, da autora Eliana Alves Cruz e do mesmo modo, como desempenham suas negritudes. Assim, como base teórica para este estudo, elencamos a Análise de Discurso de base materialista, mais especificamente de Michel Pêcheux (2014), a partir dos conceitos de lugar-social e posição-sujeito. Para pensar o conceito de negritude nos pautamos nas reflexões de Munanga (2019), indicando a complexidade que constitui esse conceito. Para a reflexão sobre o conceito de identidade, temos como base as orientações de Gomes (2019), que também é atravessado pelo viés discursivos, compreendemos como algo que fala antes em algum lugar, ou seja, identidade como o sempre já lá, naturalizado como o ideal a ser performado. As análises apontam para uma contradição discursiva entre os personagens, visto que, mesmo compartilhando o mesmo imaginário discursivo, ou seja, o espaço em que o negro deve ocupar na sociedade, onde os já ditos determinam seus lugares sociais, eles não desempenham os mesmos discursos esperados pela ordem do discurso imposto. Do mesmo modo, o conceito de negritude, deslocado para uma leitura discursiva, pode ser considerado como resistência contra as imposições racistas. Isso aponta para o funcionamento das formações ideológicas em que os sujeitos são atravessados e principalmente, para as falhas no ritual da ideologia.
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